Energia e gás de cozinha turbinam inflação e massacram o povo

Puxada pela energia elétrica e gás de cozinha, prévia da inflação chega a 10,34% em 12 meses. Economistas já projetam IPCA de dois dígitos neste ano

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atinge o maior patamar desde 1995 (1,34%), e a maior variação mensal desde fevereiro de 2016 (1,42%).No ano, a “prévia da inflação” acumula alta de 8,30% e, em 12 meses, de 10,34%, acima dos 10,05% registrados nos 12 meses anteriores. Em outubro de 2020, a taxa foi de 0,94%.

Com o maior impacto individual (0,19 p.p.) em outubro, a energia elétrica (3,91%) foi destaque no grupo Habitação (1,87%). A alta decorre da vigência da bandeira tarifária Escassez Hídrica, “inventada” pelo desgoverno Bolsonaro no fim de agosto.

A nova tarifa representa um acréscimo de R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos, o mais alto entre todas as bandeiras. Durante o período base do IPCA-15, vigorou tanto a bandeira Escassez Hídrica, na primeira quinzena de setembro, quanto a bandeira vermelha patamar 2, na segunda quinzena de agosto.

Outra contribuição importante dentro do grupo Habitação veio do gás de botijão(3,80%). Os preços do gás liquefeito de petróleo (GLP)subiram pelo 17º mês consecutivo e acumulam alta de 31,65%em 2021.

A maior variação de preços ocorreu no grupo de transportes (2,06%). O destaque no grupo foram as passagens aéreas, com alta de 34,35%. O preço das passagens subiu em todas as regiões.

Os combustíveis como um todo seguem em alta (2,03%) e continuam pressionando os preços. A gasolina, componente com o maior peso do IPCA-15, subiu 1,85% e acumula 40,44% nos últimos 12 meses. Os demais combustíveis também apresentaram altas: etanol (3,20%), óleo diesel (2,89%) e gás veicular (0,36%).

Além das altas nas passagens aéreas e nos combustíveis, o grupo registrou variação em automóveis novos (1,64%), usados (1,56%) e nas motocicletas (1,27%).No caso dos automóveis usados, trata-se da 13ª alta consecutiva, acumulando 13,21% de variação nos últimos 12 meses.

O grupo de alimentação e bebidas (1,38%) foi influenciado principalmente pela alimentação no domicílio, que passou de 1,51% em setembro para 1,54% em outubro. Os preços das frutas subiram 6,41%. Houve altas também nos preços do tomate (23,15%), batata-inglesa (8,57%), frango em pedaços (5,11%), café moído (4,34%) frango inteiro (4,20%) e queijo (3,94%).

A alimentação fora do domicílio acelerou na passagem de setembro (0,69%) para outubro (0,97%), principalmente por conta do lanche (1,71%), cujos preços haviam recuado no mês anterior (-0,46%).

Todas as áreas pesquisadas apresentaram alta em outubro, mas os combustíveis, com os preços dolarizados pelo desgoverno Bolsonaro, acionista majoritário da Petrobras, devem fazer a inflação fechar o ano na casa dos dois dígitos.

A projeção é do coordenador de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), André Braz. Segundo ele, em novembro a gasolina deve impactar em 0,18% na inflação e elevar o IPCA para 9,5%. Como já se projetam novos reajustes, em dezembro o índice deve atingir, ou ultrapassar, os 10%.

Nesta segunda-feira (26), a gasolina sofreu um aumento de 7%, ficando R$ 0,21 mais cara por litro, enquanto o diesel teve uma alta de 9,2%, de R$ 0,28 por litro. A alta ocorreu 17 dias após o último reajuste, que foi o mesmo para os dois produtos. No ano, a gasolina e o diesel acumulam uma valorização de 73% e 65,3%, respectivamente.

A carestia foi registrada pelo deputado federal Paulo Pimenta (PT/RS) em seu perfil no Twitter. “EFEITO BOLSO/GUEDES: Prévia da inflação sobe 1,20% em outubro, maior taxa para o mês desde 1995. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 8,30% e, em 12 meses, de 10,34%”, apontou o deputado.

Da Redação

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