Erros de Boris Jonhson, o ‘Bolsonaro inglês’, custaram vidas, diz relatório

Demora do Reino Unido em adotar ‘lockdown’ acelerou contágio por Covid-19, aponta documento do Parlamento. Diferentemente de Bolsonaro, que preferiu cometer crimes, relatório também elogia rápida vacinação

Como demonstrou a CPI da Covid nos últimos meses, o negacionismo de Jair Bolsonaro diante da pandemia de Covid-19 revelou-se mortal para mais de 600 mil brasileiros. Do mesmo modo, a resposta inicial do primeiro-ministro do Reino Unido Boris Johnson, quando da eclosão da crise sanitátia, no ano passado, também custou milhares de vidas britânicas. A conclusão consta de um relatório produzido pelo Parlamento que aponta “erros graves” que resultaram em “um dos maiores fracassos da saúde publica” do Reino Unido. As semelhanças com o Brasil acabam aí. Ao contrário de Bolsonaro, que preferiu cometer crimes de responsabilidade, Johnson promoveu uma correção na estratégia de combate à pandemia, investindo na vacinação e rejeitando soluções inexistentes como a administração de cloroquina em pessoas infectadas.

Entre os erros apontados no documento de 150 páginas, está a demora de Johnson em promover um lockdown para conter a escalada de infecções pelo vírus. Ao invés disso, o primeiro-ministro apostou em uma estratégia de imunidade de rebanho, segundo a qual o vírus eventualmente perderia força quando cerca de 70% da população estivesse infectada. O governo também teria falhado ao fazer testes, rastreamento e o isolamento de contaminados.

Além disso, o relatório disse haver taxas de mortalidade “inaceitavelmente altas” de Covid em grupos de minorias étnicas. O documento também condenou a alta prematura de pacientes de hospitais para asilos durante os estágios iniciais da pandemia.

“A preparação do Reino Unido para uma pandemia foi amplamente requerida com antecedência, mas teve um desempenho pior do que muitos outros países”, aponta o relatório. O resultado: mais de 138 mil mortes foram registradas e o país ocupa a 22ª posição entre países com mais mortes por milhão de habitantes, 2.025 óbitos. O Brasil está em oitavo lugar no ranking, com 2.818 mortes.

O documento relembra que a primeira quarentena só foi adotada no país no dia 23 de março de 2020. O atraso permitiu que o vírus se espalhasse com rapidez pelo Reino Unido. Antes, o governo “apenas tentou moderar a velocidade dos contágios”, diz o relatório.

“As decisões relativas ao confinamento e ao distanciamento social tomadas nas primeiras semanas da pandemia – e os conselhos que resultaram nelas – constituem um dos maiores fracassos na história da saúde pública no Reino Unido”, acusam os parlamentares.

Êxitos

Diferentemente do Brasil, cujo relatório da CPI deverá apontar diversos crimes cometidos por Bolsonaro e outros agentes públicos e privados, o documento britânico também aponta os acertos de Johnson, que certamente evitaram um quadro mais dramático para a saúde pública do Reino Unido. Um deles foi a rápida execução do programa de vacinação, no início de dezembro de 2020.

Atualmente, quase 78% da população acima de 12 nos está vacinada. “É essencial tirar lições para ser o mais competente possível no resto da pandemia e no futuro”, aconselharam os presidentes das duas comissões que produziram o relatório, Jeremy Hunt e Greg Clark.

No Brasil, as imunizações começaram quase dois meses depois, e caminharam a passos de tartaruga, já que Bolsonaro atrasou a compra de doses de vacina e investiu em negócios suspeitos com empresas atravessadoras. 

Da Redação, com AFP

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