Golpe em Dilma sacrificou economia brasileira e ampliou a desigualdade

País teria um PIB maior – 27% acima do padrão atual –, se a ex-presidenta não tivesse sofrido o impeachment apoiado pela mídia, golpistas e pelo Centrão de Rodrigo Maia. A estimativa é da MB Associados que aponta: economia do país deixou de crescer R$ 1,8 trilhão, se mantivesse a trajetória média entre 1997 e 2014

Agência PT

O Golpe de 2016, que levou ao impeachment fraudulento de Dilma Rousseff, afastada da Presidência da República sem que tenha cometido crime de responsabilidade, impediu que o país mantivesse uma trajetória de desenvolvimento econômico e social. Nesta quarta-feira, o jornal ‘Valor Econômico’ divulgou estimativa da MB Associados apontando que se a economia brasileira tivesse continuado a crescer no ritmo médio anterior a 2014, o país teria um PIB R$ 1,8 trilhão maior agora – ou 27% acima do nível atual.

A empresa de consultoria comparou a expansão real do PIB acumulada de 2014 a 2020 com a trajetória que teria sido observada se o país tivesse crescido, no período, na mesma velocidade média anual registrada entre 1997 e 2013, de 3,2%. Segundo Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados,  mesmo setores competitivos, como o agronegócio – que apoiou o Golpe de 2016 e mantém apoio ao governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro – ou ainda a indústria extrativa mineral, foram afetados pela crise.

Como se não bastasse a queda da atividade econômica – que já havia subido mero 1% antes da pandemia do coronavírus – o Golpe de 2016 empobreceu o país, ao aprofundar a desigualdade social e de renda, com a manutenção da agenda econômica neoliberal imposta por Michel Temer, após o impeachment. O nível de desemprego no país subiu de 4,3% em 2014 para 12,7% em 2019, jogando mais de 40 milhões de brasileiro no mercado informal de trabalho. 

Aécio Neves: Derrotado nas nas urnas em 2014, após disputar e perder as eleições presidenciais para Dilma Rousseff, o hoje deputado federal sabotou e conspirou pela derrubada do governo petista

A MB Associados estima que a economia brasileira vá encolher 6,4% este ano, após o aumento de 1,1% em 2019. Em 2015 e 2016, no auge da instabilidade política produzida pelas pautas-bombas no Congresso Nacional, o PIB encolheu 3,5% e 3,3%. O exercício mostra o que se perdeu em termos de crescimento nos últimos anos, mas também o desafio da recuperação à frente, especialmente em setores importantes como investimentos e construção civil. Curioso é que a previsão da empresa de consultoria ainda é otimista, tendo em vista que setores do mercado, mas também organismos internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevêem queda de até 10% da atividade econômica brasileira até o final de dezembro.

“Desde 2013, o Brasil tem sofrido solavancos de diversas formas que levaram a uma queda importante e histórica do PIB e do PIB per capita no período”, afirma Sérgio Vale. “Com a probabilidade de maior queda do PIB da história, 2020 não ficará sozinho na contabilidade de desastres econômicos que têm afetado o país”. Na entrevista ao ‘Valor’, ele não comenta as razões políticas para as oscilações na economia.

A empresa de consultoria não considera, por exemplo, o efeito da instabilidade política promovida pelo deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), após a derrota nas eleições presidenciais de 2014, acenando com o impeachment de Dilma no instante em que as urnas foram abertas, depois da quarta derrota consecutiva imposta pelos eleitores aos tucanos e conservadores, com a reeleição de Dilma. Nem tampouco faz menção à beligerância de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à frente da Presidência da Câmara dos Deputados, liderando as pautas-bombas que dificultaram a vida de Dilma e ampliaram a sensação de caos até culminar no clima de golpe combinado pela Lava Jato.

 

Da Redação, com reportagem do Valor Econômico.

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