Governo nega auxílio emergencial a mais de 46 milhões de brasileiros

Do total de 96,9 milhões, 32,77 milhões de CPFs foram considerados inelegíveis e 13,67 milhões ainda estão “sob análise”. Planalto não apresenta alternativa para efetivar benefício e até agora não anunciou pagamento da segunda parcela

A pandemia do coronavírus avança pelo país enquanto a população continua desamparada pelo governo federal. Segundo dados do Dataprev, empresa que coordena o cadastramento para o recebimento da renda emergencial de R$ 600, mais de 46 milhões de brasileiros não tiveram cadastro aprovado. Do total de 96,9 milhões que deram entrada no pedido de auxílio, 32,77 milhões de CPFs foram considerados inelegíveis e 13,67 milhões ainda estão sob análise. Os cadastros analisados referem-se ao período entre 7 e 22 de abril. Até o final da semana passada, a Caixa Econômica Federal pagou R$ 35,5 bilhões a 50 milhões de pessoas. Enquanto o tempo passa, o governo se atrapalha e não apresenta alternativas para o dinheiro chegar às mãos de quem mais precisa.

Nesta segunda-feira (4), novas filas foram registradas em agências de todo o país, com a expectativa para o pagamento aos nascidos nos meses de setembro e outubro. A Caixa chegou a antecipar o horário de abertura das agências para as 8h para agilizar a retirada do benefício. Não adiantou. Muitos trabalhadores chegaram ainda na noite de domingo (3) e passaram a madrugada e a manhã aglomerados nas agências do banco. Os saques em dinheiro para os beneficiários que estão recebendo o auxílio por meio da Poupança Social Digital seguem até terça-feira (5), com o pagamento aos nascidos em novembro e dezembro.

Há milhares de relatos de pedidos negados mesmo para pessoas que tem registro no CadÚnico e conta poupança na Caixa. Outros tantos foram cadastrados há quase um mês, recadastrados e  ainda seguem sob análise. Na conta do twitter do Dataprev, multiplicam-se as reclamações de trabalhadores que não receberam o auxílio do governo federal e nenhuma explicação sobre como proceder para ter acesso ao dinheiro. O governo informa que pelo menos 12,4 milhões de cadastros considerados “inconclusivos” devem ser refeitos. Mas não se pronunciou sobre outros cadastros indeferidos.

Até agora, o governo também não anunciou quando irá pagar a segunda parcela do auxílio emergencial. Segundo o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, o calendário só será divulgado após aprovação do presidente Jair Bolsonaro. “Será semana que vem”, esquivou-se, na sexta-feira (1º).

Para piorar o quadro, o governo federal não vem pagando beneficiários do INSS. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, 1,1 milhão de segurados aguardam além do prazo legal de 45 dias para receber aposentadorias, pensões e auxílios-doença.

O governo não responde às reclamações mas gaba-se de estar “cuidando dos brasileiros”. Nenhum dos perfis oficiais menciona, por exemplo, que a proposta inicial do ministro da Economia, Paulo Guedes, era pagar a ridícula soma de R$ 200 aos trabalhadores informais. Foi graças a uma articulação no Congresso liderada pelos partidos progressistas, em  particular o PT, é que o valor foi triplicado. O PT chegou inclusive a defender um auxílio de R$ 1045, o equivalente a um salário mínimo, mas foi derrotado na Casa. O partido é um antigo defensor da Renda Básica, uma proposta que tem no vereador Eduardo Suplicy (PT-SP) seu maior defensor há mais de três décadas. Suplicy advoga o acesso à renda mínima a todos os brasileiros, sem exceções.

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