Haddad: “Bolsonaro é um biombo fascista para passar boiada neoliberal”

Em entrevista ao ‘Jornal Brasil Atual’, ex-prefeito e ex-ministro da Educação considera que o impeachment de Bolsonaro não pode ser julgado por conveniência política, diante da gravidade da pandemia e de um governo avaliado como o pior gestor da crise sanitária no mundo. “Temos de pensar o seguinte: quantos brasileiros podemos salvar se acontecer um impeachment? Quantos empregos podemos salvar?”, pondera Fernando Haddad

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Para Fernando Haddad, é preciso alertar a população sobre a gravidade da crise brasileira

O impeachment de Jair Bolsonaro passou a ser uma questão humanitária e não deve ser tratado por conveniência política, defende o ex-prefeito e ex-ministro da Educação, Fernando Haddad. Em entrevista ao ‘Jornal Brasil Atual’, Haddad sustenta que é preciso denunciar a gravidade da crise instalada no país para a população.

“Não podemos fazer uma conta de conveniência. Temos de pensar o seguinte: quantos brasileiros podemos salvar se acontecer um impeachment? Quantos empregos podemos salvar?”, questiona o petista, lembrando que os crimes de responsabilidade de Bolsonaro já foram apontados por várias escolas de Direito por todo o Brasil.

“Nós estamos no meio de uma pandemia, temos o pior governo na gestão da pandemia do mundo, a pandemia está chegando na casa de todo mundo”, alertou. “O governo não respondeu uma carta do presidente da Pfizer, tratou mal a China, a maior produtora dos insumos de duas outras vacinas”, lembrou o petista.

Haddad também criticou a imprensa, o MDB e o PSDB, que garantem a permanência do líder de extrema direita na Presidência. “Quem sustenta hoje o Bolsonaro é o PSDB, do Doria, e o MDB, do Temer”, destacou, apontando a agenda neoliberal de Paulo Guedes como o sustentáculo de Bolsonaro no poder. “O Guedes tem coragem de fazer aquilo que eles próprios tiveram dificuldade, que é cortar direitos trabalhistas, cortar direitos sociais, massacrar os trabalhadores para aumentar as margens de lucro dos empresários”, argumentou Haddad.

Sobre a imprensa, Haddad cobrou coerência dos meios de comunicação. “A grande imprensa pede timidamente o impeachment do Bolsonaro nos seus editoriais”, disse. “Mas não cobram o PSDB e o MDB. Não cobram o Dória e o Temer. Ninguém está falando a verdade para as pessoas. Isso é um jogo de cena. Interessa a eles desgastar Bolsonaro como figura pública, enquanto mantêm o apoio à agenda econômica do Guedes”, opinou.  Para Haddad, o presidente nada mais é do que “um biombo fascista para passar a boiada neoliberal”.

A imprensa, insiste Haddad, tenta agora encurralar Bolsonaro após ter apoiado sua candidatura em 2018. “Os editoriais [dos jornais] de 2018 têm de ser enquadrados e dados nos cursos de história do Brasil. Pra saberem o quanto de cinismo, hipocrisia e pouca vergonha a elite brasileira é capaz de chegar para defender os seus interesses e sua ideologia”.

Agenda econômica ultrapassada

Haddad avalia que a agenda econômica de Paulo Guedes é ultrapassada e contraria recomendações e iniciativas do resto do mundo, do Fundo Monetário Internacional (FMI) – “estão puxando a orelha do governo brasileiro em relação ao grau de ortodoxia”, ironizou – aos EUA, que irão injetar U$ 1,9 trilhão na economia americana para  combater a pandemia e amparar trabalhadores.

Aqui, o Brasil faz o contrário e corta o auxílio emergencial, medida que o ex-prefeito considera uma insanidade. “Bastava ter passado um dia numa escola de economia para saber que você não consegue sair de uma pandemia, dessa maneira absolutamente irresponsável. As pessoas não têm horizonte. Estão desesperadas”, observou.

Frente ampla

Sobre a formação de uma frente ampla contra Bolsonaro, Haddad cobrou unidade em torno de uma oposição de fato ao líder da direita. Para ele, é preciso construir o segundo turno primeiro para minimizar os riscos de uma nova derrota. Isso significa compromisso em apoiar o adversário de Bolsonaro.

“Se você tem um segundo turno construído, não importa quantos candidatos de oposição. Mas serão de oposição a Bolsonaro, realmente? Ou farão o jogo de oposição para ir ao segundo turno?”, questionou, em referência ao PSDB de Dória e outros nomes como Luciano Huck, dois apoiadores do presidente nas eleições de 2018.

“Eu vou votar em quer derrotar o Bolsonaro. Quero saber dos outros, de quem já foi presidente, de quem quer ser candidato a presidente, se essas pessoas têm coragem de dizer hoje o que farão num segundo turno, se o Bolsonaro estiver representado”, desafiou Haddad.

Da Redação, com informações de ‘Rede Brasil Atual’

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