Impacto social é brutal com Estado Mínimo de Temer, diz economista

André Perfeito avalia que medidas como a PEC 55 não foram referendadas pela população e impacto social será profundo, com possível aumento da violência

(Fernando Frazão/Agência Brasil)

Dado do Banco Central divulgado na quinta-feira (15) mostra que as perspectivas para a economia brasileira só pioram. O IBC-Br, considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), mostrou que a economia brasileira caiu 0,48% em outubro e de 5,29% no acumulado em 12 meses.

Setores que poderiam impulsionar a retomada, como o varejo, demonstraram piora. No mês de outubro, em relação a setembro, o recuo foi de 0,8% nas vendas varejistas, quarta queda seguida e acumulando o pior resultado desde 2001. O problema, segundo o economista André Perfeito, é que não há demanda, e a situação tende a piorar com a Emenda do Teto dos Gastos, aprovada no Senado Federal como PEC 55 e como PEC 241 na Câmara Federal e já promulgada no Congresso Nacional.

Para o economista, a PEC não resolve o problema econômico, já que o país precisa de um estímulo da demanda para voltar a crescer. O setor privado tem máquinas paradas, e só vai voltar a investir se tiver perspectiva de venda. Por outro lado, o consumo das famílias está travado por conta do aumento do desemprego e do endividamento, como mostram os dados do varejo. Para Perfeito, o Estado teria que impulsionar a economia impulsionando seus gastos em investimentos.

Mas, segundo ele, o problema principal da nova emenda é o impacto social. “A família que havia passado a utilizar o serviço privado, como escola e saúde particulares, com a crise, vai voltar a demandar o serviço público”, explica. “O brasileiro quando tem renda, ele procura serviços particulares. Mas o que não têm, vai ficar sem”, afirma. “Será que a sociedade brasileira aguenta?”.

Há uma falta de projeto político, segundo ele. “O projeto é diminuir o tamanho do Estado, mas isso não foi pactuado com a sociedade”, diz. O impacto social pode ser brutal, com consequências como o aumento da violência, por exemplo. “Vai haver famílias em que o filho representa a primeira geração que foi à faculdade, mas não tem trabalho”, diz. “A PEC a médio prazo não é consistente”, diz.

Da mesma forma, a reforma da Previdência proposta pelo golpista fará com que muita gente não se aposente. “O país é muito desigual”, explica. Em muitos lugares, a expectativa de vida é de 65 anos – idade mínima para aposentadoria na proposta de Temer. Além do impacto social, há também uma consequência para as contas públicas, pois muita gente poderia preferir ficar na informalidade – e portanto, deixando de recolher impostos. “Do jeito que está se desenhando, o Brasil não aguenta. A desigualdade de renda no Brasil ainda é brutal”, afirmou.

Batendo panelas

Para Perfeito, o governo do golpista Michel Temer (PMDB) tenta reestabelecer o Brasil anterior à grande distribuição de renda promovida pelos governos petistas, e que gerou descontentamento de parte da classe média tradicional “batedora de panelas”. “O PT alterou a distribuição de renda. Mas é muito feio falar que é contra a distribuição de renda”, diz. Por isso, afirma ele, usou-se o argumento contra a corrupção para retirar a presidenta eleita Dilma Rousseff.

“Com Temer, o Brasil volta a ser o que era. A sociedade topa? Não sei se topa”, diz. “A PEC vai causar problemas sociais profundos”.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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