Inquérito de Beto Richa sai das mãos de Moro pela segunda vez

Ex-governador tucano é investigado por recebimento de propina da Odebrecht; filha de juiz autor da decisão foi nomeada por Richa e é filiada ao PSDB

Reprodução/Lula Marques

A investigação contra o governador Beto Richa (PSDB-PR) por corrupção saiu das mãos de Sérgio Moro pela segunda vez. Agora, quem tratou de livrar o tucano e o juiz de primeira instância do enfrentamento foi o desembargador Luiz Fernando Penteado, do TRE-PR.

Richa é investigado por um suposto favorecimento à Odebrecht em troca de 2,5 milhões em propina para sua campanha a governador, em 2014. No despacho, o desembargador Penteado argumenta que não houve “considerável aprofundamento nas investigações” que justifiquem a remessa do caso para Moro. Caberá ao colegiado do tribunal acolher ou não o pedido.

A relação entre o magistrado e o governador esconde “coincidências” nada republicanas. O jornal curitibano Gazeta do Povo revelou que a filha do desembargador foi nomeada pelo próprio Richa a um cargo no governo. E também é filiada ao PSDB.

O caso é repleto de idas e vindas. Em abril, assim que Richa perdeu foro privilegiado, o STJ encaminhou o processo ao juiz Moro e também à Justiça Eleitoral. Mas, depois que a defesa do tucano recorreu, o juiz da 13ª Vara teve que abrir mão do processo e deixá-lo com o este outro tribunal. No dia 21 de julho, a papelada voltou para as mãos de Moro por decisão do judiciário eleitoral do Paraná.

Tratamento diferenciado

Nem só de fotos e convescotes é feita a relação de Sergio Moro e políticos do PSDB. No dia 11 mês passado, Moro já havia desistido de julgar um outro inquérito envolvendo o governo Richa por estar “sem tempo”. Mas foi pego de calças curtas ao interromper as férias para tentar impedir a soltura de Lula poucos dias depois.

Também chama atenção a cautela ao tratar de provas que possam comprometer Geraldo Alckmin (PSDB-SP): em junho, ele negou acesso a documentos que citam cartel em obra da Mogi-Dutra. Nem parece obra do mesmo magistrado que divulgou ilegalmente conversas telefônicas de uma presidenta da República.

O juiz de Curitiba foge da raia quando o processo envolve o PSDB. Aceita bovinamente quando é retirado de casos locais, mas adianta-se a julgar processos ocorridos em todas as regiões do país. Fica a sensação perene de que setores do judiciário fazem vista grossa e agem nas sombras para livrar qualquer mandatário tucano de problemas com a lei.

Da Redação Agência PT de Notícias, com informações de Gazeta do Povo, Estadão e Folha de S. Paulo

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