Lula cobra do mundo político: “Vamos tirar o Bolsonaro?”

Em entrevista a blogueiros, o ex-presidente reitera que uma frente política em defesa da democracia precisa colocar no foco a retirada do líder da extrema-direita do poder: “O ideal é uma frente para tirar o Bolsonaro e o Mourão e fazer novas eleições”

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a luta política no Brasil gira agora na defesa da democracia, mas precisa ser ampliada para a retirada de Jair Bolsonaro e do General Hamilton Mourão do Palácio do Planalto. “O que a gente precisa saber é o seguinte: vamos tirar o Bolsonaro?”, cobrou. “Ele já cometeu vários crimes de responsabilidade e vai ser responsabilizado pela História pelo genocídio de milhares de vidas pelo coronavírus. A gente poderia ter evitado isso, como ocorreu em outros países”, lembrou o líder petista.

“Muita gente que defende a criação de uma ‘frente’ não defende o impeachment (de Bolsonaro)”, lamentou Lula. “Não defende a mudança do governo, da política econômica. Ora, frente contra o que, então? O ideal seria uma frente para tirar o Bolsonaro e o Mourão e fazer novas eleições”, disse. Ele disse que dificilmente o país teria uma frente ampla nos moldes do que o Uruguai experimenta há várias anos. “Mas é possível criar frentes eleitorais. Foi isso que aconteceu em 2002”, comentou Lula.

Ele comentou as críticas feitas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e pelo ex-ministro Ciro Gomes, que o têm criticado e ao PT, por não aderir a manifestos da sociedade civil na defesa da democracia. Lula ainda rebateu a tese veiculada por colunistas da velha imprensa brasileira de que o PT é responsável direto pela eleição de Bolsonaro em 2018. O petista reagiu indignado: “O Ciro viaja para Paris, o FHC anula o voto e eles vêm dizer que PT elegeu Bolsonaro? Tenha dó”. 

O ex-presidente descartou a hipótese de vir a ser candidato à Presidência em 2022 e disse que o PT e as esquerdas têm muitos nomes para disputar o cargo, como Fernando Haddad, o próprio Ciro Gomes e o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). “Não precisam ter medo do Lula, porque estou inelegível nesse momento. Mas é preciso dar a chance do povo escolher um representante civilizado”, defendeu.

Lula disse que quer enfrentar o ex-juiz Sérgio Moro num debate direto em qualquer tribuna. “Eu tô provocando o Moro e o (procurador Deltan) Dallagnol pra debaterem comigo, ao vivo. Se a Globo quiser fazer, eu topo. Porque é preciso desmascarar esses canalhas e mostrar o que eles fizeram ao país”, criticou. O ex-presidente diz que a Lava Jato destruiu empregos e prejudicou a economia com o pretexto de combater a corrupção. “O Moro é marionete dos Departamento de Justiça dos EUA”, comentou.

Ele disse que um dos caminhos para retirar Bolsonaro por via democrática e institucional, além da aprovação do impeachment pelo Congresso Nacional, tendo em vista os inúmeros ataques às instituições democráticas e a sucessão de crimes de responsabilidade, é a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão pelo Tribunal Superior Eleitoral. “O pode julgar o processo das fake news e cassar a chapa. Se tiver argumento jurídico e coragem política pra isso… Agora é brigar e pressionar”, ressaltou. 

Lula concedeu a entrevista aos blogueiros Eduardo Guimarães (Blog da Cidadania), Leonardo Stoppa,  Samuel Borelli, Cynara Menezes (Socialista Morena), Thiago dos Reis (Plantão Brasil), João Antonio (Click Política), Ronny Telles, Ana Roxo,  Rogério Anitablian e Altamiro Borges (Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé).

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