Lula, em Natal: “País não cresce com discurso, mas com investimento”

Em entrevista a rádio do Rio Grande do Norte, onde está desde a noite de quarta-feira, Lula disse que deseja construir uma aliança para recuperar o Brasil

Em entrevista à rádio 97 FM, de Natal, nesta terça-feira (24), Lula disse que a viagem que ele realiza pelo Nordeste ao lado de lideranças do Partido dos Trabalhadores é só o começo de uma grande articulação que ele deseja fazer para “recuperar o Brasil”. “Quero conversar com muita gente e, até o fim do ano, passar por todos os estados da Federação. Conversar com empresários, trabalhadores, fazendeiros, trabalhadores rurais, gente comum da sociedade, para construir não uma aliança para ganhar as eleições, mas sobretudo para recuperar o Brasil”, disse (assista à integra abaixo).

E o país precisa ser recuperado, ressaltou Lula, lembrando que hoje há 15 milhões de desempregados e outros 33 milhões na informalidade, 19 milhões passando fome e 40 milhões em insegurança alimentar. “É preciso recuperar este país. É preciso fazer com que as indústrias voltem a produzir, é preciso voltar a gerar emprego, a aumentar o salário mínimo, que é o que faz o país crescer. O país não cresce com discurso, ele cresce com investimento. E é isso que estamos tentando fazer”, completou.

O Rio Grande do Norte é o quinto estado visitado nessa passagem de Lula pelo Nordeste, que se encerrará na próxima quinta-feira (26), na Bahia. O ex-presidente foi à rádio acompanhado da governadora Fátima Bezerra (PT), que segundo ele está colocando o estado nos eixos após herdar uma grave crise. “Fátima certamente marcará a história do Rio Grande do Norte. A gente tem que saber que esta mulher pegou este estado combalido. Somente em maio ela vai conseguir terminar de pagar a quantidade de salários atrasados que ela herdou”, avaliou.

Para Lula, Fátima tem compromisso com a população, o que é a melhor maneira de governar. “A palavra governar está errada. A palavra deve ser cuidar. E isso significa fazer uma escala de preferência. Você começa cuidando dos mais necessitados até você governar para todo mundo, para o rico, para a classe média, para o banqueiro, para o bancário. Mas tem que ter uma prioridade. E a prioridade é garantir que as pessoas pobres subam um degrau na escala social”, explicou.

Segundo Lula, é com pessoas que respeitem esse compromisso que ele deseja conversar e construir um projeto de país. “Quem quiser construir parceria comigo tem de saber que tenho um compromisso de origem, de vida: ninguém deve ser pobre a vida inteira. As pessoas têm que tomar café, almoçar e jantar todo dia, elas têm que trabalhar, ter um salário e o direito à universidade, à cultura, ao lazer. É o que está na Constituição. Eu não preciso ser comunista, eu tenho apenas que dizer ‘eu quero cumprir a Constituição’.”

“Estado fraco não serve para nada”

Para recolocar o país no caminho da Justiça social, Lula afirmou ter um lema simples: colocar o pobre no orçamento da União e colocar o rico no imposto de renda. “Nos nossos governos, nós fizemos muito mais que apenas colocar as pessoas para comer. Porque, quando você distribui um pouco de recurso para muitos, aquele recurso não vai para uma conta bancária, para a Bolsa de Valores. Ele é usado para comprar comida, um chinelo, uma escova de dente, uma camisa para o filho, um vestidinho para a menina. E esse dinheiro começa a circular e a roda gigante da economia começa a fazer efeito. Mais gente comendo, mais gente comprando, mais gente produzindo…”, analisou.

No entanto, além de recolocar o pobre no orçamento, o Brasil precisa agora cobrar impostos de forma mais justa. “No Brasil, quem vive de dividendos e lucro não paga imposto. Quem paga imposto é quem recebe salário e é descontado na fonte. O que precisamos é fazer uma coisa justa para que todos vivam num país decente”, defendeu.

Completando a receita de desenvolvimento, Lula citou um Estado fortalecido, com capacidade de induzir o crescimento. “O que fico triste é ver as pessoas querendo vender o Estado. Quando o Estado é fraco, ele não tem poder de indução, de decidir onde vai ser feito investimento, não tem poder para conversar com os governadores e dar crédito aos estados para que sejam feitas coisas. O Estado fraco não serve para nada. Então é preciso ter um Estado que não só tenha capacidade de investimento como tenha empresas públicas capazes de fazer investimento, que é o caso da Petrobras , dos Correios, da Eletrobras, da Caixa Econômica, do Banco do Brasil, do BNDES”, disse, lembrando que foram empréstimos via o BNDES que ajudara o Brasil a sair logo da crise de 2008, quando ele era presidente.

Da Redação

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