Lula: “Quero que o povo brasileiro tenha igualdade de oportunidades”

Em entrevista a rádio do MS, Lula diz que o Brasil de Bolsonaro precisa ser destruído para que seja erguido no lugar um país solidário e fraterno. “É o que estou disposto a ajudar a construir” 

Após o golpe que tirou Dilma Rousseff da Presidência, o grupo que tomou o poder passou a construir um país injusto e que desconhece a necessidade da maioria da população brasileira. Jair Bolsonaro apenas continua e aprofunda esse projeto desumano, que deve ser interrompido para que um Brasil mais humano e solidário volte a ser erguido. A tese foi defendida por Lula nesta quinta-feira (14), durante entrevista à Rádio Grande FM, de Mato Grosso do Sul.

“Você hoje tem um presidente que não é capaz de dizer que fez um metro de asfalto no Mato Grosso do Sul porque esse cidadão não constrói, ele só destrói. E, mais grave, ele mente todo santo dia. O prazer dele é contar mentira, é inventar comunismo. Até o papa virou comunista. Se vocês discordarem dele, vocês virarão comunistas. É a ignorância elevada à quinta potência que está governando este país. É o cidadão que, em vez de dar livros para a população, fica dando armas. Esse país é que precisamos destruir e construir um país mais solidário, um país mais fraterno, uma sociedade mais humanista. É o que precisamos construir e o que estou disposto a ajudar a construir”, afirmou Lula (assista à íntegra abaixo).

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Segundo o ex-presidente, “a elite brasileira nunca teve competência para resolver o problema da miséria”, e o motivo é simples: ela nunca se interessou em conhecer as necessidades dos mais pobres. “Você só vai cuidar do povo se você for povo, se você conhecer, conviver com ele. Nossa cabeça pensa sobre onde nossos pés pisam. Investir no pobre não é gasto. (…) Fui o presidente que mais fez escolas técnicas e universidades porque não tive a educação que eu queria ter tido e acho que os filhos dos trabalhadores têm que ter educação. Eu sonho com que todo mundo tenha direito e possibilidade de fazer universidade. Pode não fazer porque tem outra opção, mas não pode ser cerceado do direito de crescer socialmente. Quero que o povo brasileiro tenha igualdade de oportunidades”, disse.

A insensibilidade da elite que tomou o poder com o golpe de 2016 e abriu caminho à eleição de Bolsonaro está na origem das críticas e do desmonte das políticas sociais implementadas nos governos do PT, avaliou Lula. “Quando criei o Bolsa Família, fui criticado. Muita gente disse que eu ia criar vagabundos e que eu tinha de construir estradas. E eu disse que, no dia em que o povo comesse cimento, eu ia priorizar estrada, mas o povo estava precisando comer feijão, arroz, farinha, mandioca e que íamos priorizar uma política de inclusão social. E foi por isso que fizemos Bolsa Família, programa de aumento do salário mínimo todo ano, Luz para Todos, transposição do Rio São Francisco…”, enumerou.

Todo o país ganha

A beleza de um governo que olha para os mais necessitados, ressalta o presidente, é que, ao agir dessa forma, você beneficia todo o país. “Já provei que o pobre não é problema, é solução. Na hora que você inclui o pobre no orçamento da União, na hora em que as pessoas mais pobres conseguem pegar um dinheirinho e ir no supermercado comprar o que comer, a gente começa a resolver os problemas deste país. Então, minha solução é simples: é o pobre no orçamento da União, da prefeitura, do estado, e o rico no imposto de renda. Quando a gente fizer isso, a gente começa a resolver os problemas deste país”, assegurou.

Lula também rebateu a ideia de que um governo sensível aos mais vulneráveis é inimigo dos mais ricos. Ele usou o exemplo do agronegócio, muito forte no Mato Grosso do Sul, para comprovar o que dizia. “Você nunca viu um discurso meu contra o agronegócio. Meu discurso é pela manutenção do agronegócio, do qual o Brasil precisa, e pela manutenção da pequena e média propriedades, que são responsáveis pela produção de 70% ou mais dos alimentos que chegam na nossa mesa”, explicou, recordando que, em seu governo, por meio da Medida Provisória 432, de 2008, foi negociada uma dívida de quase R$ 85 bilhões dos grandes agricultores. “Naquele ano, nós evitamos que o agronegócio quebrasse.”

“Ninguém é obrigado a gostar do PT, mas eu só exijo que a pessoa diga a verdade sobre por que não gosta. Eu sou defensor de que o Brasil ainda carece de reforma agrária. Está na Constituição e você não precisa invadir nenhuma terra produtiva para fazer reforma agrária. Eu sou da opinião de que os índios devem ser tratados dignamente e decentemente porque eles eram donos deste país antes de os portugueses chegarem aqui. E não (sou a favor) de maltratar os índios como eles são hoje”, argumentou Lula.

Da Redação

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