Milhares de mulheres foram às ruas contra Bolsonaro, por democracia e direitos

Em São Paulo, o ato estadual reuniu uma multidão de manifestantes que reivindicavam um país e uma vida melhor para as mulheres

Foto: Elineudo Meira

Nem a chuva, nem o machismo, tampouco o autoritarismo que ascende no Brasil desde que Jair Bolsonaro foi eleito em 2018, em um processo eleitoral marcado por fraudes, foram capaz de tirar as milhares de mulheres que ocuparam as ruas de São Paulo neste domingo (8), Dia Internacional de Luta das Mulheres.

Vindas de diferentes cidades do estado, de partes longínquas da capital, elas gritaram “Fora Bolsonaro” do começo ao fim da manifestação, que reuniu mulheres diversas em torno de pautas comuns. “Mulheres contra Bolsonaro! Por nossas vidas, democracia e direitos! Justiça para Marielle, Claudias e Dandaras!” foi o mote unitário do 8 de março de 2020.

Para Nalu Faria, da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), esse grande ato levou às ruas a indignação das mulheres contra o atual governo, que promove desmontes de direitos fundamentais no país. “Esse governo organiza medidas neoliberais, de cunho conservador, de extrema-direita, que favorece milicianos, bancos e as elites”, afirmou ela.

“Nós conectamos o nosso grito contra o Bolsonaro com todas as reivindicações históricas dos movimento de mulheres, por uma vida sem violência, pelo nosso direito de decidir sobre o nosso corpo, seja quanto a nossa sexualidade, seja quanto ao direito de ser ou não ser mãe!”, completou a militante, que também reforçou a importância de denunciar que o atual governo tem promovido a precarização da vida das mulheres em todos os aspectos.

Marilane Teixeira, economista e pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), concorda com a afirmação. “Nós estamos aqui hoje porque a vida das mulheres piorou muito nos últimos anos. Há um conjunto de retrocessos sociais que fez com que a situação piorasse em todos os aspectos. As mulheres são a maioria entre as pessoas que estão desempregadas, são a maioria entre as pessoas que estão na informalidade, aumentou a violência, diminuíram as políticas públicas, aumentou a pobreza e aumentou a desigualdade. Ou seja, não há como não lutar”, disse ela.

Debora Pereira, Secretária Estadual de Mulheres do Partido dos Trabalhadores (PT), esteve na região de concentração do ato, na Avenida Paulista, desde cedo, junto de outras militantes feministas do partido, que promoveram uma série de atividades e discussões sobre os direitos das mulheres e a luta feminista. “Nós chegamos aqui bem cedinho, montamos uma tenda do PT, com oficinas, atividades e rodas de conversa”, explicou ela.

Nesse espaço, houveram debates sobre a luta das mulheres em outros países da América Latina, sobre racismo e a luta das mulheres negras e sobre feminismo e as mulheres indígenas. “Acho que esse dia é um dia que marca a abertura de um calendário de lutas populares no Brasil. Nós vamos voltar para as ruas no dia 14, por Marielle, e dia 18 também estaremos em luta junto com as centrais sindicais e os movimentos estudantis. Viva as mulheres do Brasil!”, saudou a Secretária.

Durante toda a manifestação, a memória e legado de Marielle Franco foram mencionados por diversas organizações. No dia 14 de março, completam-se dois anos desde que Marielle e Anderson foram brutalmente assassinados, sem que ainda haja uma resposta sobre quem foram os mandatários desse crime brutal e político, que ficou conhecido no mundo todo. Na data, haverão manifestações espalhadas por todo o país.

Para o dia 18 de março, está prevista uma paralisação nacional contra a política econômica do atual governo, que sangra os mais pobres e afaga os ricos, e em defesa da educação. As mobilizações estão sendo construídas por entidades estudantis, como a União Nacional dos Estudantes (UNE), por centrais sindicais, movimentos sociais e por partidos de esquerda.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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