Ministro golpista: Ricardo Barros, o ministro da saúde privada

Investigado por corrupção, peculato e fraude em licitações, Barros teve passagens na gestão pública marcadas por irregularidades

Rovena Rosa/Agência Brasil

Ricardo Barros, ministro golpista da Saúde

A fábula da raposa cuidando do galinheiro ilustra com precisão a presença de Ricardo Barros à frente do ministério da Saúde do governo golpista de Michel Temer.

O atual ministro da pasta detentora do maior orçamento da Esplanada dos Ministérios tem deixado claro a que veio. Em entrevista concedida ao jornal “Folha de S.Paulo”, Barros afirmou que o País não conseguirá mais sustentar o acesso universal à saúde, direito assegurado pela Constituição, e que o Sistema Único de Saúde (SUS) precisa ser revisto.

O SUS é reconhecido internacionalmente pela sua abrangência, gratuidade e eficiência, considerando-se o atendimento em um país continental como o Brasil. Recentemente, a revista científica britânica “The Lancet”, uma das mais respeitadas publicações médicas do mundo, preparou uma edição especial sobre o sistema, tendo como enfoque principal a universalização do serviço.

Como alternativa para o desmonte que se vislumbra, o ministro sugere aos brasileiros que tenham planos de saúde privados. Curiosamente, o maior doador individual da campanha eleitoral de Barros para deputado federal pelo Paraná, em 2014, foi um dos principais operadores de planos de saúde do País, o empresário Elon Gomes de Almeida, presidente da administradora de benefícios de saúde Aliança.

Apesar do forte incentivo à saúde privada, o ministro já mostrou que não está disposto a zelar pela qualidade dos serviços prestados pelas operadoras. “Ninguém é obrigado a contratar plano. Não cabe ao ministério controlar isso”, afirmou em outra entrevista. Atualmente, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), órgão vinculado ao ministério da Saúde, é responsável pela fiscalização e regulação do setor de planos de saúde no Brasil.

A relação de Barros com o setor privado de saúde não é recente. Na campanha eleitoral de 2006, o ministro golpista recebeu doação da operadora de saúde Unimed de Maringá.

Corrupção e estranhas prioridades 
Como agravante, as atuações do ministro golpista Ricardo Barros na administração pública são marcadas por práticas ilícitas e improbidade. Prefeito de Maringá (PR) entre 1989 e 1993, foi condenado na 4ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) por fraudar a venda de coletores e compactadores de lixo que não serviam mais para o município. Segundo a denúncia, para avaliar o preço de venda dos equipamentos, ele criou uma comissão da qual fazia parte justamente o comprador. À época, a juíza responsável pelo caso o obrigou o a ressarcir os cofres públicos em mais de R$ 1 milhão.

Aliado do governador Beto Richa (PSDB-PR), Barros também é investigado por corrupção, peculato e crime contra a Lei de Licitações. Em 2011, quando comandava a secretaria da Indústria e Comércio do Paraná, sugeriu ao então secretário municipal de Saneamento de Maringá, Leopoldo Fiewski, que arranjasse um encontro para realização de acordo entre as duas empresas que participavam de um processo de licitação para publicidade da cidade, no valor de R$ 7,5 milhões. As conversas foram gravadas pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR).

Nas entrevistas recentes, Barros também disse haver recursos mal colocados no ministério e que “não adianta lutar por direitos que não poderão ser entregues pelo Estado”. Ao relatar o Orçamento geral da União de 2016 na Câmara dos Deputados, propôs o corte de 10 bilhões no Bolsa Família, programa cujos impactos são inegáveis para a redução da miséria no País. Sua justificativa foi exatamente a de que havia “dinheiro mal aplicado” e “sobrando ali”. Mas não viu qualquer contradição em sugerir para o mesmo orçamento a duplicação da verba aos partidos políticos, via Fundo Partidário, aumentando os recursos de R$ 311 milhões para R$ 600 milhões.

Da Redação da Agência PT de Notícias

 

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