Mobilização e luta devem continuar após recuo na Previdência

Durante audiência pública presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS), convidados alertam para a possibilidade de a reforma voltar a ser discutida

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Senador Paulo Paim (PT-RS) durante audiência pública realizada nesta terça-feira

A grande mobilização nas ruas no Dia Nacional de Luta contra a Reforma da Previdência, que aconteceu em várias partes do Brasil na segunda-feira (19), teve desfecho favorável com o recuo do governo golpista ao suspender a tramitação das propostas de emenda à Constituição (PEC). Mas novas batalhas ainda estão por vir.

Esta é a avaliação dos convidados da audiência pública realizada na Comissão de Direitos Humanos do Senado nesta terça-feira (20) para debater os impactos da reforma da Previdência na vida de aposentados e pensionistas, presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS). É consenso entre os parlamentares da Bancada do PT, movimentos sociais e representantes de diversas categorias que a suspensão não pode culminar em um acomodamento nas lutas para manter os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras do país.

Para Floriano Martins, presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip), a derrota do governo não significa que a guerra acabou. “Nós não podemos baixar a guarda. Nós temos que aproveitar isso que nós aprendemos desde que começamos a nos mobilizar contra a Reforma e dizer que nós não vamos esquecer deles. Vamos cumprir o que prometemos. Quem se dispôs a votar também não voltará”, garantiu Martins.

Diego Cherulli, do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), compartilha da mesma opinião. “A vitória é temporária. O governo já sinalizou que após as eleições vai voltar a falar da Reforma. Se quisermos agir temos que agir agora contra tudo o que eles estão fazendo. Eles foram muito claros. Apenas suspenderam a votação”, avaliou.

Para Francisco Urbano, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), é preciso manter a memória do eleitor atualizada e recorda que, apesar do recuo na votação da Reforma da Previdência, os mesmos parlamentares já haviam imposto outras derrotas ao povo brasileiro. “A frase quem votar não volta não é só caso da Previdência. Quem votou no pré-sal, na Reforma Trabalhista também pode voltar”, lembrou.

A senadora Fátima Bezerra (PT-RN) aproveita para mandar um recado aos aliados para que mantenham a guarda alta na fiscalização da atividade parlamentar de todos os que pensaram em lesar os direitos do brasileiro: “A guerra não terminou, até porque não dá para confiar nos grandes responsáveis pelo golpe e pelas reformas deste governo. Temos que confiar somente em nosso trabalho de união até que a proposta seja de fato enterrada”.

O senador José Pimentel (PT-CE)  ainda lembra que, desde os primeiros dias após o golpe, o governo ilegítimo mostrou que tem uma missão clara: enfraquecer o poder dos trabalhadores. “Em fevereiro mais de 1 milhão de CNPJ foram cancelados. É o pipoqueiro, o vendedor de marmitas, de cachorro quente. Estes é que precisavam ser protegidos. Agora eles voltam para ilegalidade. A intenção desta reforma era exatamente o desmonte de tudo o que foi planejado por Lula para proteger o trabalhador”, lembra.

Na Argentina

A Reforma da Previdência aprovada na Argentina no final de dezembro passado traz muitas similaridades com a proposta em debate no Brasil.  Por isso mesmo, o recuo na votação deve, sim, ser motivo de comemoração.

“Na Argentina a Previdência foi aprovada na gestão de Carlos Menem nos anos 90 e passou a ser um sistema ministrado pelos bancos. Por isso podemos dizer para os brasileiros que o sistema privado só é bom para os bancos”, alertou Julio Fuentes, presidente da Confederação Latino-Americana de Trabalhadores Estatais (Clate), presente na audiência.

Para Fuentes, uma lei sancionada a sangue e fogo como na Argentina certamente não pode ser nada bom. “A reforma aprovada em dezembro a ferro e sangue não é a reforma que o povo quer. O objetivo do governo é voltar ao sistema privado. Já tivemos esta experiência e não deu certo. Há uma frase do papa Francisco: um povo que não pode ajudar aos mais velhos e aos avós está condenado a desgraça”, conclui.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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