Mulheres trabalhadoras no Brasil da pandemia

A realidade que Bolsonaro quer esconder!

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Mulheres são mais afetadas pela pandemia

O segundo Dia do Trabalhador durante a pandemia no Brasil traz números alarmantes sobre a situação da mulher trabalhadora no país. relatórios do IBGE, Ipea e de ONGs de gênero e emprego mostram a realidade que o governo federal insiste em esconder.

A realidade das mulheres brasileiras dentro da pandemia e do processo genocida do governo Bolsonaro segue cada vez mais difícil, já que desde sua campanha em 2018 o presidente tinha as mulheres como foco de seu ódio. A esperança se encontra cada vez mais distante.

Quase 8,5 milhões de mulheres deixaram o mercado de trabalho no terceiro trimestre de 2020, e sua participação caiu a 45,8%, o nível mais baixo em três décadas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Sendo as mulheres chefes de mais de 11,5 milhões de lares no país, o desemprego pode ter atingido mais de 70% dos lares onde apenas a mulher era a fonte de renda. Passando assim a enfrentar mais riscos e dificuldades financeiras em decorrência da pandemia.

Segundo o Ministério do Trabalho houve um crescimento da ocupação feminina em postos formais de trabalho de 40,8% em 2007 para 44% em 2016, durante os governos petistas.

De acordo com o IBGE, entre 2012 e 2016, o total de mulheres empregadas sofreu redução de 3,5% , contra 6,4%, entre os homens. Os governos de Lula e Dilma investiram em formação para as mulheres, investimento na economia fazendo com que mais vagas de emprego se criassem e com mais creches e escolas sendo construídas, as mulheres puderam sair de casa para trabalhar com a certeza de que seus filhos estariam estudando para um dia adentrarem também o mercado de trabalho.

 Para Junéia Batista, Secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, a situação das mulheres do Brasil faz parte do plano genocida do governo Bolsonaro contra as minorias, em especial as mulheres negras e periféricas.

“Depois de 14 meses de pandemia no Brasil as mulheres da classe trabalhadora, em especial as mulheres pretas e das periferias continuam pensando: o que vou dar para as minhas crias hoje? O desgoverno genocida segue em seu desvario em seguir assassinando o povo brasileiro. Já ultrapassou o número de 400 mil pessoas que sucumbiu à pandemia. Que tristeza. Que fome! Que falta de saúde! Que desrespeito!”, diz Junéia.

O IBGE divulgou no início do mês de março o levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que registrava os impactos destrutivos da pandemia na vida das mulheres brasileiras. 

Segundo o documento, o desemprego bateu recorde em 20 estados do país no ano passado. Mas, o dado que mais assusta é o de que seis em cada dez desempregados no Brasil são mulheres.

Em 2020, a taxa média de desemprego entre os homens foi de 11,9%, enquanto entre as mulheres chegou a 16,4% – uma diferença de 4,5 pontos percentuais (p.p.) – e ficou acima da média nacional (13,5%).

O Ipea aponta também que o número de mulheres é menor entre os empregados no país. Do total de pessoas ocupadas, 48,7 milhões eram do sexo masculino e 37,5 milhões, do sexo feminino.

Dentro desta realidade, as mulheres se tornaram dependentes do Auxílio Emergencial do governo federal que em 2020 entrega 1200 reais às mulheres chefes de família, o dobro do valor geral, mas que em 2021 sofreu um grande reajuste.

Agora, mães que sozinhas chefiam seus lares passam a receber o maior valor do novo auxílio emergencial, que se tornou apenas R$ 375, pelo prazo de apenas quatro meses.

Anne Moura, Secretária Nacional de Mulheres do PT, vê o novo valor do auxílio emergencial como desesperador, no que tange às fontes de renda das mulheres brasileiras.

“É impossível imaginar que uma mulher tenha que sustentar sua família em meio a maior pandemia dos últimos séculos com apenas 375 reais. Passa a ser uma missão quase impossível, sem ajuda, ter de pagar além da alimentação, água, luz, gás, aluguel, e tantas outras contas que, ao contrário do auxílio emergencial, não atrasam a chegar”, afirma Anne.

Segundo dados recentes de um relatório das ONGs Gênero e Número e da Sempreviva Organização Feminista (SOF), quase 40% das entrevistadas na pesquisa afirmaram que o isolamento social pôs em risco o sustento de seu lar; dessas mulheres, 55% eram negras, geralmente as mais afetadas.

A taxa de desemprego das mulheres negras e não negras cresceu 3,2 e 2,9 pontos percentuais, respectivamente, sendo que a das mulheres negras atingiu a taxa de 19,8%, segundo o relatório recente do DIEESE com dados da Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio Contínua.

Junéia Batista, avalia que a pandemia e a falta de investimento do governo federal em ações de controle da transmissão da COVID-19 e na compra de vacinas nos transformou na década perdida.

“Somos a década perdida. Somos a década que precisará se recompor e sobreviver a miséria, a fome e tudo o que este governo, aliado ao vírus e a quarta revolução industrial tem apresentado de tudo o que há de pior para a classe trabalhadora, interseccionando as questões de classe, raça e gênero. Impossível não fazer isso. Então dizer que o desemprego tem endereço, tem raça e tem gênero. Até quando vamos permitir?”, questiona Junéia.

Nádia Garcia, Agência Todas.

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