Na Copa, exportadores fecham US$ 6 bi em negócios

Mais de 2,3 mil empresários estrangeiros vieram ver os jogos, conhecer fábricas e produtos nacionais

O Projeto Copa do Mundo, realizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), trouxe ao Brasil 2.386 empresários, investidores e formadores de opinião de 104 países.

Os empresários participaram de 837 agendas de negócios com empresas de 18 estados brasileiros, nos meses de junho e julho. Também assistiram aos jogos do Mundial e estiveram nas salas da Apex-Brasil montadas durante 12 jogos em Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo.

Os setores de casa e construção tiveram o melhor resultado, seguidos dos complexos de máquinas e equipamento: alimentos, bebidas e agronegócios; tecnologia e saúde; moda e serviços.

Vendas – Os representantes das empresas e seus convidados comentaram o sucesso do projeto. Flávio Cunha, da Imetame Granitos, trouxe um total de 25 compradores dos Estados Unidos para conhecer a indústria e a extração de granito no Espírito Santo. “Trabalhamos com um produto muito sensível, natural, não padronizado e que depende muito das condições do local de extração, por isso é fundamental para o nosso negócio termos uma relação sólida com nossos compradores e esse projeto nos proporcionou exatamente isso, pois fará o cliente se lembrar de nós”, disse Flávio.

A expectativa dele é de, nos próximos dois anos, dobrar seu volume de produtos exportados para Estados Unidos e Canadá. O CEO da norte-americana OHM International, Pinakin Pathak, por exemplo, conheceu novas pedras e deve abrir uma linha de importação de quartzito e mármore da Imetame. “Já negociamos há 10 anos, mas agora que conheço pessoalmente a empresa e as pessoas, estamos mais próximos, e a relação, muito melhor” disse Pathak.

Um dos convidados da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea), John Bilmon, da PTW Architects, da Austrália, é um dos criadores do Centro Aquático Nacional de Pequim – construído para os Jogos Olímpicos de Verão de 2008 – e mais conhecido como water cube.

Ele se disse impressionado com a qualidade da arquitetura brasileira. “Eu tinha uma boa expectativa em relação aos arquitetos do Brasil, mas agora tenho informação mais detalhada e confiança na habilidade e no talento brasileiro”, disse. Bilmon se reuniu com oito escritórios em SP e RJ pretende trabalhar em cooperação com alguns deles em futuros projetos.

Medicina – O alemão Ingo Distel, da Spiegelberg, foi um dos convidados da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo). “Estamos trabalhando com uma empresa brasileira há pouco tempo e viemos conhecer de perto a fábrica, as pessoas e os projetos”, relata.

Importador e distribuidor de produtos para neurocirurgias, Ingo destacou que a percepção do Brasil como exportador desses produtos ainda é pequena no mercado europeu, mas que a qualidade dos produtos é altamente confiável e disse que pretende ampliar as negociações com empresas brasileiras.

Convidado pelo escritório da Apex-Brasil em São Francisco, Califórnia, o investidor Derek Footer, da Origo Ventures se reuniu com empresas que investem em startups como Buscapé, Aceleratech, 21212 e a Fundação BioRio. “Queremos investir no setor de biotecnologia e já estamos identificando uma empresa brasileira com esse perfil”, disse. Esse será o primeiro investimento da empresa norte-americana em uma startup brasileira. “Investimos em startups do Chile, México e Colômbia, e agora queremos trabalhar com o Brasil”, disse.

Alimentos – A Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) trouxe quatro compradores da Argentina, Peru e Japão para uma rodada de negócios em São Paulo, que reuniu oito empresas brasileiras.

Foram realizadas 20 reuniões e a estimativa de negócios é de US$ 3,7 milhões para os próximos doze meses. O peruano Juan Llosa disse ter gostado da rodada de negócios – “conheci produtos novos, diferentes e de maior valor agregado, como a água de coco, que quero levar para o mercado peruano”, disse.

Já o japonês Jorge Imai distribui vários produtos brasileiros para redes varejistas no Japão, como pão de queijo, congelados, sucos tropicais e até cachaça. “O Brasil tem muito a oferecer ao Japão e nos últimos cinco anos, a percepção dos produtos brasileiros melhorou muito por lá – estamos otimistas e esperamos duplicar os negócios com algumas das empresas que visitamos”, disse.

A Tannac, fabricante de produtos químicos para tratamento de couros, trouxe compradores da China e da Itália para conhecer a fábrica e as plantações de acácia negra no Rio Grande do Sul, de onde a matéria prima é extraída. “Exportamos para 75 países uma diversidade de produtos para as diversas aplicações do couro, desde calçados e bolsas, até estofamentos automotivos’, explica o diretor comercial da empresa, Osmar Graff, que espera fechar cerca de US$ 2 milhões com esses clientes nos próximos doze meses. Segundo ele, trazer o comprador da Itália ao Brasil foi muito importante porque, além de incrementar as exportações para esse cliente, ele é uma referência para outros mercados”, disse.

O italiano Renato Benvenuto, da Biokimica Spa, já compra há muito tempo da Tannac, mas conheceu novas opções e quer aumentar a variedade de produtos nos próximos meses. “A qualidade dos produtos químicos brasileiros é muito boa e estamos levando amostras para nossa equipe técnica testar e decidir quais serão as novas aplicações”, completou.

Para ele a confiança é parte do negócio e o grande ganho desse tipo de ação de relacionamento. “O contato pessoal é, sem dúvida, importante, porque estreita a relação e nos faz cuidar com mais facilidade de diversos detalhes da negociação’, conclui.

 

Da Redação da Agência PT de Notícias com informações do Portal Brasil

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