O antipovo: Bolsonaro defende políticas que pioram vida dos brasileiros

Propostas que vêm sendo ventiladas por Bolsonaro, seu vice e seu suposto futuro ministro da Fazenda são ainda mais nefastas para os brasileiros mais pobres

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Mal a campanha eleitoral havia começado e a chapa do candidato Jair Bolsonaro começou a anunciar algumas das medidas que pretendia implementar no país, sempre em prejuízo do povo e a favor das elites. Com a proximidade das Eleições 2018, as propostas que mais prejudicam a população brasileira acabaram ganhando maior repercussão, o que fez o candidato do PSL e seus assessores diminuírem o número de declarações, sem, no entanto, negarem as políticas antipovo.

Apesar disso, já está claro que um futuro governo de Bolsonaro, com Hamilton Mourão (PRTB) de vice e Paulo Guedes no Ministério da Fazenda, deve ser um desastre para a população, sobretudo para os trabalhadores e trabalhadoras.

Ataque à democracia

Em setembro de 2017, Mourão falou por três vezes na possibilidade de intervenção militar diante da crise enfrentada pelo país, caso a situação não seja resolvida pelas próprias instituições.

As afirmações foram feitas em palestra realizada na Loja Maçônica Grande Oriente, em Brasília, após o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciar pela segunda vez o presidente Michel Temer por participação em organização criminosa e obstrução de justiça.

Na ocasião, o vice de Bolsonaro disse ainda que “os Poderes terão que buscar uma solução, se não conseguirem, chegará a hora em que teremos que impor uma solução… e essa imposição não será fácil, ela trará problemas”. Mais tarde, ele tentou minimizar as declarações, afirmando que não pregava a intervenção militar.

Como se não bastasse a onda de violência alimentada por um discurso de ódio que tem chocado o mundo, Bolsonaro mostrou recentemente seu desprezo pelas instituições democráticas. Nesta sexta-feira (28), em entrevista exclusiva ao jornalista José Luiz Datena, o  candidato disse que não irá aceitar qualquer resultado das urnas que não o leve à Presidência da República. “Pelo que vejo nas ruas, não aceito resultado diferente da minha eleição”.

Redução do bolsa-família

Em 2011, durante um discurso no Plenário da Câmara dos Deputados, Bolsonaro disse que os programas assistencialistas, como o Bolsa Família, acostumam o homem à ociosidade.  “O Bolsa Família nada mais é do que um projeto para tirar dinheiro de quem produz e dá-lo a quem se acomoda”, disse Bolsonaro.

No ano passado, o candidato do PSL criticou o programa durante visita a Barretos-SP, quando já postulava o posto de pré-candidato à Presidência.  “Para ser candidato a presidente tem de falar que vai ampliar o Bolsa Família, então vote em outro candidato. Não vou partir para demagogia e agradar quem quer que seja para buscar voto”, declarou na ocasião.

Novamente, Hamilton Mourão admitiu a possibilidade de se diminuir o programa. O militar defendeu a meritocracia e disse que as pessoas devem ascender “por seus próprios méritos e não por esmolas”.

Manutenção da Reforma e Fim do 13º salário

Outra medida antipovo de Bolsonaro que deve afetar todos os trabalhadores do Brasil é o fim do 13º salário. Em um intervalo menor que uma semana, Mourão atacou o 13º salário duas vezes. No dia 27 de setembro, o vice de Bolsonaro disse que o 13º salário é uma “jabuticaba brasileira”, uma “mochila nas costas dos empresários” e “uma visão social com o chapéu dos outros”.

Segundo Mourão, “se a gente arrecada 12, como pagamos 13? É complicado. É o único lugar em que a pessoa entra em férias e ganha mais”. Cinco dias depois, Mourão voltou a repetir seu desprezo pelo direito do trabalhador. No dia 2 de outubro, afirmou que por conta do 13º, “no final das contas, todos saímos prejudicados”.  De acordo com o jornal Estadão, a ideia de Mourão ganhou respaldo no núcleo de campanha.

Bolsonaro, inclusive, votou favorável pela Reforma Trabalhista, que retirou diversos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. O candidato do PSL já declarou que não vai mexer no texto da reforma, caso eleito. Ele ainda defende que as leis trabalhistas “devem beirar a informalidade”.

Para Bolsonaro, é preciso uma flexibilização ainda maior em relação à reforma aprovada pelo governo do ilegítimo Michel Temer (MDB) para combater o desemprego. “É melhor ter menos direito e emprego”, declarou em evento organizado pela ACRJ (Associação Comercial do Rio de Janeiro), no Rio.

Aumento de impostos para os mais pobres

O economista Paulo Guedes, responsável pelo projeto econômico de Bolsonaro, disse que aumentará a alíquota do Imposto de Renda (IR) para os mais pobres e reduzir a porcentagem dos que ganham mais. O eventual ministro da Fazenda do candidato do PSL tomará todas as decisões econômicas do país, uma vez que Bolsonaro admite que não entende do tema.

Com isso,  o “posto Ipiranga”, apelido que o próprio presidenciável deu ao seu guru econômico, vai criar uma taxa única de 20% no Imposto de Renda para todas as pessoas físicas ou jurídicas. Na prática, a proposta de Bolsonaro fará com que um trabalhador que ganha R$ 1.500, um que ganha R$ 8 mil ou um empresário que fatura R$ 150 mil por mês paguem o mesmo Imposto de Renda.

Atualmente no Brasil, quem ganha até R$ 1.903,98 está isento do Imposto de Renda. Quem ganha de R$ 1.903,99 até R$ 2.826,65 paga 7,5% de IR. Para os brasileiros com salários de R$ 2.826,66 a R$ 3.751,05 a alíquota é de 15%. Já quem ganha de R$ 3.751,06 a R$ 4.664,68 o índice é de 22,5%. A partir deste valor, o IR é de 25,7%. Pela proposta de Bolsonaro todos passariam a ter uma cobrança de 20% de seus salários brutos, descontada mensalmente, e os mais pobres pagarão a diferença da redução da parcela mais rica.

PEC do Teto de Gastos, Educação e Saúde precárias

Seguindo à risca a cartilha do PSL, o partido mais leal ao golpista Temer, Bolsonaro foi um dos deputados que votou sim para a PEC do Teto dos Gastos Públicos, que congelou os investimentos públicos em Educação e Saúde por 20 anos. Na época, os seguidos do presidenciável ficaram indignados e criticaram o voto do deputado federal.

Como se não bastasse a medida, que precariza a vida de milhões de brasileiros, Paulo Guedes quer ir além. Defensor ferrenho do teto aprovado, o economista revelou que ele e Bolsonaro vão avançar nos cortes dos investimentos.  “Gosto [do Teto dos Gastos] e tem que aprofundar”, afirmou em entrevista ao Valor Econômico.

As medidas antipovo do candidato não param por aí. Apesar de se intitular patriota, Bolsonaro atua para favorecer os interesses do capital estrangeiro.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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