Pazuello sai, o pesadelo fica: hospitais agonizam sem insumos

Redes do SUS voltam a enfrentar iminente falta de 22 medicamentos, entre sedativos, anestésicos e oxigênio. Frente de Prefeitos cobra ação de Bolsonaro

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Após quase um ano à frente do Ministério da Saúde, o general Eduardo Pazuello entrará para a história com o peso do saldo macabro de quase 290 mil mortos por Covid-19 nos ombros. Infelizmente, sua saída não representa o fim do pesadelo. Seu legado de incompetência destruiu o setor de saúde e segue ampliando o desafio dos profissionais da linha de frente do Sistema Único de Saúde (SUS): hospitais agora agonizam pela iminente falta de 22 insumos essenciais para o tratamento de pacientes nas UTIs.

Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, dados das farmacêuticas enviados à Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) atestam que 22 medicamentos utilizados nas UTIs têm estoques baixos, se comparados aos do ano passado. De acordo com o jornal, “entre os anestésicos, por exemplo, o midazolam aparece com um estoque de 3,2 milhões de unidades. Para dimensionar o que representa o número, desde agosto as empresas venderam 33,4 milhões de doses do medicamento”, comparou o jornal.

A falta de estoques dos medicamentos revela um quadro de gravidade, relatou o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto ao jornal. Para Vecina, é responsabilidade do Ministério da Saúde coordenar os estoques e “cogerenciar” as vendas de medicamentos pela indústria para evitar o desabastecimento.

Falta de Oxigênio

A escassez de oxigênio é o que mais preocupa os especialistas, escaldados pelas cenas de terror vistas em Manaus em janeiro e que já ameaçam todas as regiões do país. Na quinta-feira (18), a Frente Nacional de Prefeitos enviou um documento ao governo Bolsonaro cobrando ações para evitar a falta de oxigênio.

“O aumento sem precedentes do número de contaminados com o coronavírus e da demanda por atendimento hospitalar aponta para um cenário potencialmente ainda mais trágico já nos próximos dias: a falta de oxigênio e de medicamentos para sedação de paciente intubados”, diz o documento da entidade.

Segundo a Frente, a União pode e deve “reforçar a aquisição dos medicamentos” por “ter prerrogativa de determinar redirecionamento de insumos e produtos”. De acordo com a Folha, o Ministério da Saúde informou que fez uma requisição administrativa nesta semana de 665.507 medicamentos de intubação “para um período de 15 dias, considerando o consumo médio mensal”.

Mas o especialista em logística Pazuello entende que a pasta da Saúde não tem responsabilidade quanto ao fornecimento de oxigênio. “O que o Ministério da Saúde tem a ver com produção, o transporte e a logística de oxigênio?”, questionou o ministro, em entrevista a jornalistas, poucos dias atrás.

Catástrofe

É espantoso que, em um cenário de tamanha precariedade, Pazuello tenha permanecido tanto tempo no cargo da Saúde. Suas trapalhadas e incapacidade resultam em catástrofe desde a nomeação como interino no ministério. Em junho de 2020, por exemplo, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde já denunciava a falta de medicamentos em 21 estados e no Distrito Federal.

Já naquela época, 22 medicamentos essenciais estavam escassos. “Os gestores hospitalares se comunicam e acaba que um consegue emprestando um pouquinho para o outro. E vai dando um jeito. Essa é palavra, desculpa o termo, mas é assim”, relatou à TV Globo o assessor técnico do Conass, Heber Dobis.

“Agora, se não tiver uma aquisição de grande volume para colocar produto para pelo menos 30 dias nos hospitais, podemos, sim, ter, nas próximas semanas, colapso da falta desses medicamentos, o que acarreta na impossibilidade da instituição na intubação”, advertiu.

Da Redação, com informações de Folha e G1

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