Petistas repudiam fala de ministro sobre universidades “não serem tão úteis”

Parlamentares, integrantes da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, expressam revolta à fala do ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmando que as universidades “não são tão úteis à sociedade”

A obstinada investida do governo federal em desprezar o valor do conhecimento e da pesquisa é carregada na fala do ministro da Educação, Milton Ribeiro, que afirmou em entrevista concedida à TV Brasil que “universidade deveria, na verdade, ser para poucos, nesse sentido de ser útil à sociedade”. Descontente, ressaltou ainda que as “universidades não são tão úteis à sociedade brasileira”.

Ao programa “Sem Censura”, Ribeiro também comentou na noite desta segunda-feira, 9, sobre pessoas que têm diploma, mas são motoristas de aplicativos: “Tem muito engenheiro ou advogado dirigindo Uber porque não consegue colocação devida. Se fosse um técnico de informática, conseguiria emprego, porque tem uma demanda muito grande”.

No seu entendimento, o governo deveria investir nos institutos federais, que seriam os protagonistas na formação de técnicos.

Para o deputado federal e integrante da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, Pedro Uczai (PT/SC), a fala do ministro é nada mais do que uma afirmação de que as universidades são para a elite brasileira, e que as escolas técnicas e profissionalizantes são destinadas para os trabalhadores, que fazem parte da mão de obra do país.

“É uma imoralidade, um escárnio, um escândalo ter um ministro da educação com este tipo de posicionamento. É um direito termos universidade pública para todos”, ressalta o deputado.

Veja o vídeo do deputado Pedro Uczai, abaixo:

Negacionismo da ciência

Para a coordenadora do setorial de Educação do Partido dos Trabalhadores (PT), Teresa Leitão, o negacionismo da ciência é emblemático no governo Bolsonaro, que carece que compreensão do papel da universidade.

Conforme Teresa, o ministério tem se mostrado limitado na compreensão da política educacional brasileira, investindo nos cortes de orçamento e tentando vincular as universidades à “balbúrdia”.

Ouça a fala completa de Teresa Leitão:

“O governo expressa seu ódio”

Natália Bonavides, deputada federal pelo PT do Rio Norte e também integrante da Comissão de Educação da Câmara, destaca que o ministro “atribuiu a culpa do desemprego ao povo. Para Bonavides, a economia vai de mal a pior por conta das opções políticas de Bolsonaro e de ministros irresponsáveis, que tiram dos pobres para dar aos ricos”.

“Na prática, o governo expressa seu ódio ao conhecimento intervindo arbitrariamente nos processos eleitorais das universidades, divulgando mentiras sobre a ciência e cortando drasticamente os recursos, levando as universidades ao colapso com interrupção de suas imprescindíveis atividades de ensino, pesquisa e extensão. E isso tudo em plena pandemia, quando as universidades estão desenvolvendo pesquisas fundamentais para o enfrentamento à Covid-19. A luta popular pelo “Fora Bolsonaro e todo seu Governo” e por outro projeto político que atue em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras é urgente e não pode mais esperar”, afirma.

Centros de referência

A deputada federal e coordenadora do núcleo de Educação da bancada do PT na Câmara dos Deputados, Rosa Neide (PT/MT), reforça que as universidades são centros de referência na vida das pessoas que buscam prosperidade na vida. Para ela, os institutos são importantes na formação técnica, mas os técnicos também têm direito de obterem formação superior.

“A fala do ministro é catastrófica. É colocar a sociedade em condições de rebaixamento, enquanto o mundo anda a passos largos diante da ciência, da pesquisa e da educação”, afirma.

Veja o vídeo com o posicionamento, na íntegra, da deputada e professora Rosa Neide:

Cotas

Conforme notícia do G1, o ministro da Educação abordou a política de cotas em instituições de ensino superior, alegando que “a crítica que havia no passado, de que só ‘filhinho de papai’ estuda em universidade pública, se descontrói com essa lei”.

“Pelo menos nas federais, 50% das vagas são direcionadas para cotas. Mas os outros 50% são de alunos preparados, que não trabalham durante o dia e podem fazer cursinho. Considero justo, porque são os pais dos ‘filhinhos de papai’ que pagam impostos e sustentam a universidade pública. Não podem ser penalizados.”

Da Redação, com informações do G1

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