Presidente do PT Nacional fala do balanço após eleições municipais

Em entrevista após reunião da Comissão Executiva, Rui Falcão avalia momento político e orienta apoio à candidaturas do Psol, PCdoB, Rede e PDT no 2º turno

Foto: Paulo Pinto/AGPT

Após reunião da Comissão Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores, o presidente nacional da sigla Rui Falcão deu entrevista fazendo um primeiro balanço após a disputa eleitoral nos municípios e indicando os próximos caminhos do partido.

Segundo Rui, foi feito um primeiro balanço do primeiro turno, mas ainda há muitos dados que não estão disponíveis. “É mais um passo político; primeiro constatando que desde a ação penal 470 as forças conservadoras desfecharam uma ofensiva terrível contra nós. Ela se estendeu até os últimos dias da campanha eleitoral”.

O presidente do partido relembrou episódios que ocorreram até os últimos dias antes do pleito, como a decisão de Sérgio Moro que transformou a prisão provisória do Palocci em preventiva, a prisão de Guido Mantega, duas ações transformando Lula em réu, além da agressão contra o governador da Bahia.

“Foi uma campanha de massacre que naturalmente acabou culminando em produzir um resultado eleitoral”, avaliou Rui. “Hoje nos jornais uma campanha paga com o timbre do governo usurpador: ‘Vamos tirar o brasil do vermelho’, que dá a entender ‘vamos tirar o vermelho do país’. Não basta nossa derrota eleitoral, querem nos eliminar da vida política”.

Rui Falcão ainda afirmou que “teve o impeachment, a crise econômica, mas nenhum desses fatores por si só são capazes de explicar a extensão da nossa derrota. Foi uma derrota forte, grande, que merece um exame sereno, aprofundado e minucioso nos próximos meses, até para que a gente possa, ao refletir sobre os erros que cometemos antes e durante a campanha eleitoral, tirar lições para recuperar o terreno perdido e preparar um projeto para o país”.

“Hoje nos jornais uma campanha paga com o timbre do governo usurpador: ‘Vamos tirar o brasil do vermelho’, que dá a entender ‘vamos tirar o vermelho do país’. Não basta nossa derrota eleitoral, querem nos eliminar da vida política”

“Mais do que ficar remoendo as nossas dificuldades, ano que vem vamos construir de forma muita aberta com a sociedade, com os movimentos, um projeto alternativo que tire o país da crise, que nos permita retomar nosso projeto de construção de um novo país. Estamos orientando a nossa militância a apoiar incondicionalmente as candidaturas do Psol, PC do B, Rede e PDT nas capitais, e para que em cada município os diretórios vejam a quem nós não devemos conceder o voto, nem o apoio”, afirmou Rui.

O presidente do PT ainda afirmou que o partido irá dedicar todo seu empenho às sete cidades onde disputa o segundo turno: Juiz de Fora (MG), Anápolis (GO), Santa Maria (RS) , Santo André (SP), Mauá (SP), Vitória da Conquista (BA) e Recife (PE).

“Conjugando essa participação nas eleições com o empenho das nossas bancadas na Câmara e no Senado, se somando também às bancadas de oposição, possamos fazer a uma oposição dura à PEC 241, a PEC do desmonte, do arrocho, o PL que acaba com a política de partilha do pré-sal, com a Petrobras como operadora única, a MP do ensino médio”.

Perseguição a Lula

Questionado sobre o indiciamento do ex-presidente Lula, Rui avaliou ser “mais uma atitude que comprova o que tenho dito: há uma perseguição”. Segundo ele, “a gente mede também como a Lava Jato influiu na campanha eleitoral. Essa nova investida contra Lula comprova o que temos dito. Em nome do combate à corrupção, que preocupa a população com razão, se faz uma cruzada seletiva contra um partido da maior liderança popular do país, passando inclusive por cima de direitos fundamentais”.

Em nome do combate à corrupção, que preocupa a população com razão, se faz uma cruzada seletiva contra um partido da maior liderança popular do país, passando inclusive por cima de direitos fundamentais.

Rui Falcão alertou para o perigo dessa perseguição, não só para o Partido dos Trabalhadores, mas para todos os brasileiros: “A ideia de aceitar provas mesmo colhidas ilegalmente, a ideia de violar o princípio da presunção de inocência, o fim do habeas-corpus, enfim, a ideia de tratar situações excepcionais com julgamentos excepcionais é um estado de exceção em andamento. É o PT, depois vem esquerda, depois o cidadão isoladamente. Assim que em certos países a aceitação do mal como banalidade levou a desastres que a gente não quer ver se repetir”.

Renovação

Na última reunião do diretório o partido estabeleceu a antecipação da renovação da direção para o primeiro semestre de 2017. “Tomamos essa decisão antes das eleições porque é mais correto, mais prático, mais funcional, que você prepare a direção que vai conduzir a campanha de 2018, não às vésperas da campanha. Então você renova a direção no 1º semestre, ela tem um semestre para viajar”, explicou Rui.

No dia 21 de outubro  ocorre reunião da executiva que vai fazer o acompanhamento d a disputa de 2º turno e definir um calendário de atividades. As forças políticas vão apresentar nomes para construir uma comissão sob coordenação de Rui Falcão para apresentar uma proposta no dia 21.

Nos dias 9 e 10 de novembro ocorre a reunião do diretório nacional, que definirá sobre a pauta de todas as questões que serão desenvolvidas para o processo de renovação da direção. Depois haverá uma nova reunião da executiva no final de novembro.

O Congresso Nacional do PT deve ocorrer entre abril e maio de 2017.

São Paulo

Questionado sobre as eleições em São Paulo, Rui afirmou que “Foi uma surpresa relativa porque a expectativa geral era de que ficássemos em 2º ou 3º lugar; e com um pouco mais de campanha teríamos ido para o segundo turno. Mas isso são águas passadas. Vamos tirar lições desses erros”. Falcão reafirmou a necessidade de uma união da esquerda “Vamos rever nossas estruturas organizativas, tentar unificar a esquerda. Tem partidos que se endireitaram, mas têm gente de esquerda”.

“O fato é que há uma necessidade urgente de reforma política, com fundo público de financiamento exclusivo. Primeiro por não ter fixado teto nominal, só percentual. O financiamento público é necessário. Precisa revalidar a política, revalidar os partidos com listas, fim das coligações proporcionais”, concluiu.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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