Procuradoria quer provas do inquérito das fake news nas ações do PT contra Bolsonaro

Parecer favorável do Ministério Público Eleitoral inclui investigação do TSE sobre campanha de ataques movida pelo bolsonarismo e reforça denúncias de que chapa vitoriosa em 2018 foi beneficiada ilegalmente com dinheiro sujo de empresários para a divulgação de mentiras que ajudaram a eleger o presidente e o vice Mourão. PT quer a cassação da chapa pelo TSE

Gil Ferreira/Agência CNJ

Ex-ministro da Justiça e ex-procurador da República, Eugênio Aragão é autor das ações do PT pedindo a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão no TSE

A Procuradoria Geral Eleitoral apresentou nesta terça-feira, 9, parecer favorável ao compartilhamento de provas do inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga o esquema de fake news e disseminação de ataques virtuais a membros da própria corte e do Congresso Nacional nas ações movidas pelo PT no Tribunal Superior Eleitoral contra a chapa eleita em 2018. A legenda pediu a cassação dos mandatos de Jair Bolsonaro e do vice-presidente, General Hamilton Mourão.

O vice-procurador-geral eleitoral, Renato Brill de Góes, emitiu os pareceres favoráveis junto ao TSE. “O Ministério Público Eleitoral manifesta-se pelo deferimento do pedido de compartilhamento de provas relativo ao Inquérito nº 4781/DF”, escreveu. Ele indeferiu o pedido de inclusão de documentos e indícios reunidos pela CPI das Fake News no Congresso. Na semana passada, a defesa de Bolsonaro havia se posicionado contra o compartilhamento de provas. O caso está na mão do ministro-relator, Og Fernandes, que é o corregedor-geral do TSE.

Renato Góes observou nos documentos que o pedido da coligação formada por PT, PCdoB e PROS, que apoiou a candidatura de Fernando Haddad à Presidência da República em 2019, está amparado no artigo do Código de Processo Civil segundo o qual o “juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório”.

Advogado do PT, o ex-ministro da Justiça e ex-procurador da República Eugênio Aragão é autor das ações pedindo a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão. Ele diz que há fortes indícios de caixa dois, abuso de poder econômico e uso indevido de meios de comunicação digitais no disparo em massa de mensagens no WhatsApp para beneficiar Bolsonaro e prejudicar Haddad. Ele sustenta que empresários bolsonaristas financiaram ilegalmente o esquema de envios de mensagens em massa para eleitores, já que a propaganda eleitoral não pode ser custeada com recursos privados. Na época, a ‘Folha de S.Paulo’ denunciou o esquema de fake news que beneficiou o então candidato à Presidência pelo PSL. 

Quebras de sigilo de empresários

Ao autorizar que a Polícia Federal deflagrasse uma operação no âmbito da investigação, há duas semanas, o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito das fake news no STF, determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de empresários suspeitos de financiar o suposto esquema, incluindo o empresário Luciano Hang, dono da rede Havan. Ele está entre os investigados em três ações no TSE. Hang teve os sigilos quebrados entre julho de 2018 e abril de 2020, o que inclui o período eleitoral, e também foi alvo de mandado de busca e apreensão de celulares e computadores.

Nas manifestações ao TSE, a Procuradoria Eleitoral reconhece o argumento de Bolsonaro, Mourão e Hang de que o inquérito no STF e as ações de investigação eleitoral têm objetos diferentes. Segundo o órgão, no entanto, não há como esquecer que os elementos de informação decorrentes das diligências determinadas por Moraes podem “desvelar fatos que se relacionem com a questão discutida” nos autos da ação petista.

O compartilhamento de provas de outras investigações já havia sido autorizado pelo TSE no julgamento da ação que pedia a cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, em 2017. Ao analisar o mérito do caso, contudo, a maioria do plenário do tribunal eleitoral considerou que as provas das delações premiadas da Odebrecht e dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura não tinham relação com os pedidos feitos pelos autores da ação.

Da Redação, com agências

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