Rede Globo ignora “Vaza Jato” para esconder parceria com a força-tarefa

Mensagens publicadas neste domingo (8) revelam proximidade entre Moro e a emissora, primeira a ter acesso à conversa entre Lula e Dilma gravada ilegalmente

Divulgação/Lula Marques

Um país mergulhado em recessão, desemprego, conservadorismo, fake news e estupidez. Esse é o retrato do Brasil nos últimos três anos desde o golpe que derrubou a presidenta democraticamente eleita Dilma Rousseff. O “grande acordo nacional”, como disse Sérgio Machado, em telefonema obtido pela Procuradoria-Geral da República, a cada dia fica mais óbvio com os seguidos vazamentos das conversas entre polícia federal, procuradores da Lava Jato, Sérgio Moro e o enredo que levou Lula à prisão, dando espaço para a ascensão da ultra-direita.

Todo o processo foi arquitetado pelas intenções políticas da Lava Jato, em parceria com o Partido da Mídia Golpista, como diria o saudoso Paulo Henrique Amorim. É o que fica cada vez mais evidente nas mensagens dos integrantes da força-tarefa, divulgadas pelo The Intercept Brasil, em parceria com outros veículos jornalísticos.

Os últimos chats, publicados pela Folha de S. Paulo neste domingo (8), revelam como o ex-juiz Sérgio Moro interferiu ilegalmente no processo e divulgou áudios, obtidos de maneira ilegal, para a imprensa. A reportagem demonstra a íntima relação entre a operação e a mídia hegemônica.

Horas depois da gravação ilegal da ligação entre Lula e Dilma, Moro levantou o sigilo do áudio e a GloboNews foi o primeiro veículo a noticiar o diálogo grampeado e politicamente pinçado já que outros tantos foram ignorados. A força-tarefa usou o telefonema para levantar a tese de que a indicação de Lula para a Casa Civil tinha o objetivo de travar as investigações contra o ex-presidente.

A teoria era uma grande farsa, já que outros áudios escondidos pela Lava Jato provavam justamente o contrário. Defensora da Lava Jato desde o início, a imprensa hegemônica partiu para a ofensiva contra Dilma, manipulando ainda mais a opinião pública contra a então presidenta. O resultado foram milhares de pessoas às ruas, manipulação da opinião pública e o início do processo de prisão d política do ex-presidente.

Glenn Greenwald, editor do Intercept Brasil, declarou em entrevista no final de agosto que “a grande mídia estava como uma aliada do Sergio Moro e da Lava Jato nos últimos anos, não só por ideologia, mas também porque o modelo do lucro da mídia brasileira era receber vazamentos da força-tarefa da Lava Jato sem gastar com nenhum recorte, sem fazer investigações”. São acusações graves que revelam como veículos da imprensa hegemônica manipularam opinião pública.

O Jornal Nacional, grande apoiador do golpe, servia como a voz da força-tarefa na mídia e contribuiu de maneira incansável para impeachment de 2016.  Entretanto, em 2019, o assunto mais relevante da política brasileira, as mensagens reveladas pelo The Intercept Brasil, não tiveram espaço na Rede Globo.

A emissora mantém a chocante postura de ignorar os chats divulgados até o momento. O possível motivo por trás de todo o silêncio é a grande parceria entre a rede de televisão e a Lava Jato, agora exposta e enfraquecida. No programa Entre Vistas, da TVT, Greenwald explicou como funcionava a parceria entre a emissora e a operação:

“O Jornal Nacional recebia vazamentos da força-tarefa da Lava Jato, o [apresentador William] Bonner anunciava que tinha uma notícia muito importante sobre corrupção, com uma audiência enorme, e a Globo lucrava muito sem fazer jornalismo. O papel da grande mídia no Brasil era quase como parceiro da Lava Jato e do Sergio Moro”, explicou.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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