Réu confesso, crime 14: militarização e mortes

Logo no começo da pandemia o Ministério da Saúde foi entregue aos militares, que aceitaram e ajudaram a implementar a política criminosa de Bolsonaro

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Militares dividem com Bolsonaro a responsabilidade por genocídio

Quando elaborou a lista de crimes do governo Bolsonaro que poderiam ser revelados na CPI da Covid, a Casa Civil da Presidência da República anotou como oitavo item: “O Governo entregou a gestão do Ministério da Saúde, durante a crise, a gestores não especializados (militarização do MS)”.

Como já mostrado nesta série Réu confesso, foi exatamente o que Jair Bolsonaro fez. Diante da resistência de Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, ambos médicos, em assinar uma portaria recomendando o uso da cloroquina contra a Covid-19, o atual presidente colocou à frente da pasta o general Eduardo Pazuello, que assinou a portaria e não se opôs à estratégia de imunidade de rebanho sem vacina de Bolsonaro.

Chama especial atenção, porém, a anotação entre parênteses feita pela Casa Civil: “militarização do MS”. Esse detalhe deve mesmo preocupar os generais que trabalharam para que Bolsonaro chegasse ao poder e estão, desde então, ao seu lado na condução do país. A trágica gestão de Pazuello — que fez o número de mortos saltar de 15 mil para 290 mil, ignorou oportunidades de comprar vacinas, deixou faltar oxigênio para pacientes e saiu do cargo processado pelo Ministério Público Federal —, não é o erro de um homem só. É o fracasso de um governo altamente militarizado.

Corresponsáveis

Por mais que tentem esconder, os militares têm participação clara na gestão da pandemia, que já matou mais de 437 mil brasileiros. Primeiro, eles ajudaram Bolsonaro a se eleger, como o próprio ressaltou em discurso no segundo dia de governo. “O senhor é um dos responsáveis por eu estar aqui”, disse ao general Eduardo Villas-Bôas, ao dar posse ao general Fernando Azevedo e Silva no Ministério da Defesa.

Depois, membros das Forças Armadas rapidamente ocuparam a Esplanada dos Ministérios. Em julho de 2020, já eram 6.157 militares da ativa e da reserva em cargos civis no governo, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU). Na Saúde não foi diferente, e a chegada de Pazuello ao cargo de ministro fez com que o total de militares na pasta crescesse ainda mais. Nove meses depois da saída de Teich, eram mais de 20 somente na cúpula do ministério. O que aconteceu ali, portanto, é um claro resultado da gestão feita por militares, que respondiam a um presidente militar, que governa assessorado por militares.

A tragédia da pandemia fez com que Pazuello e seus assessores militares fossem retirados do ministério, em um claro movimento para conter os danos à imagem das Forças Armadas. Mas como já disse o vice-presidente Hamilton Mourão, também general, “se o governo Bolsonaro errar demais, a conta irá para as Forças Armadas”. E irá com justiça, afinal há uma clara corresponsabilidade entre o presidente e os generais que com ele governam.

Da Redação

 

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