Sabesp não comparece a CPI em SP

Presidenta da estatal informa que só poderá comparecer após as eleições

A presidenta da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Dilma Pena, não compareceu à reunião da CPI da Sabesp, nesta quarta-feira (17). Ela havia sido convidada pela comissão a dar esclarecimentos sobre os indícios de irregularidades constatados no contrato de fornecimento de água estabelecido entre a companhia e a prefeitura da capital.

À comissão, ela alegou que, por motivos pessoais, não poderia comparecer a CPI no prazo de 40 dias. Assim sendo, ela apenas estaria disponível após o período eleitoral. O presidente da CPI, Laércio Benko, ligou pessoalmente ao gabinete de Pena dando o prazo de duas semanas para ela se apresentar a CPI. Diante do silêncio, o grupo parlamentar elaborou uma convocatória que torna obrigatória sua presença para a próxima semana.

Embora tenha comparecido à sessão na Câmara Municipal, os esclarecimentos do presidente da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp), José Luiz Lima de Oliveira, foram considerados insuficientes. Questionado sobre a atuação da agência na fiscalização e averiguação das denuncias de falta de água, Oliveira se limitou a dizer que é difícil saber se o problema tem relação com falhas no fornecimento da Sabesp e afirmou que o procedimento leva, em torno de sete dias para ser realizado.

“Essa demora no atendimento é a mesma coisa que ligar para a polícia e ela só chegar três dias depois”, comparou o presidente da CPI, Laércio Benko. O parlamentar relatou que por diversas vezes, Oliveira fugiu das perguntas, não assumiu as responsabilidades da reguladora e evitou criticar a Sabesp, durante o depoimento. “Para ele, não há rodízio de água. Ele deve ter vindo da Arsesp de Marte ou de Júpiter, porque daqui não veio”, indagou Benko.

Por considerarem que o tempo não foi hábil para o presidente responder todas as questões necessárias, Oliveira deve ser convocado a comparecer novamente perante a CPI.

Ainda ontem, os integrantes da comissão visitaram alguns bairros da zona sul para apurar denuncias de moradores da região. Os vereadores foram verificar as condições de abastecimento de água e saneamento nos bairros Manacá da Serra, Jardim Vera Cruz e Jardim Alvi Verde. A CPI encaminhou ofícios pedindo à Secretaria Estadual do Meio Ambiente, a Sabesp e ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas que mandem técnicos para acompanhar a diligência e possam prestar esclarecimentos.

Perda de água
De acordo com nota técnica da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp), a perda de água em São Paulo é maior do que a informada pela Sabesp. O documento obtido pela CPI revelou que as perdas registradas no sistema oscilaram em torno de 32%, não havendo alteração significativa do percentual nos últimos quatro anos. O dado contraria a informação da companhia de que o índice seria de 30,8%.

Contagem regressiva” – Mesmo com as chuvas de setembro, o ritmo de queda do Cantareira está equivalente ao do período da Copa do Mundo, quando houve um aumento do consumo de água. Nesta manhã, o Cantareira chegou à baixa recorde de 8,7% de volume armazenado. Caso o reservatório continue apresentando a queda contínua de 0,2 pontos percentuais por dia, o total correspondente à primeira cota do volume morto estará completamente esgotado em menos de 44 dias.

No final de outubro não terá mais água disponível no sistema, a não ser que o governo estadual inicie o bombeamento da segundo cota do reservatório, como havia anunciado a Sabesp. De acordo com pesquisa Ibope divulgada neste mês, a falta de água em São Paulo já afeta 38% da população.

 

Por Camila Denes, da Agência PT de Notícias

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