Saiba quem são as lideranças políticas que Lula encontrou na Europa

Em viagem pelo continente, ex-presidente tem sido recebido com entusiasmo por representantes do campo progressista europeu para debater a desigualdade no mundo

Ricardo Stuckert

A imagem do Brasil tem sido profundamente manchada – seja por óleo ou ataques à democracia – no exterior. Com um presidente que não respeita instituições e tem repulsa ao diálogo, qualquer pessoa que olha para o país hoje vê em Jair Bolsonaro o retrato mais fiel do atraso e do autoritarismo.

Por sorte, ainda há líderes como Luiz Inácio Lula da Silva para resgatar a credibilidade perdida, relembrar um Brasil que já deu certo num passado recente, ser ouvido por plateias encantadas e apontar novos caminhos para o futuro. É o que o ex-presidente tem feito desde o dia 1º quando chegou a Europa para participar de encontros, receber honrarias e dialogar com lideranças progressistas do continente.

E, por onde passa, tem sido ovacionado pelos europeus. Mas não só: todos também querem saber como ele conseguiu transformar o país numa potência (antes de golpe) e acabou com a fome, reduzindo a desigualdade no Brasil.

A seguir, conheça um pouco mais sobre quem são os líderes mundiais com os quais Lula já se encontrou:

 

Jean-Luc Mélenchon

 

Jean-Luc Mélenchon nasceu no Marrocos, mas mudou-se para a França aos 11 anos.  No país europeu, passou a se envolver com política desde muito jovem construindo carreira no partido socialista. Com uma impressionante capacidade de mobilização, logo passou a se destacar em atos públicos e em embates com outros campos ideológicos franceses. Chamado de “fenômeno de popularidade”, por cientistas políticos, Mélenchon chegou a reunir mais de 100 mil pessoas em um comício na Praça da Bastilha, símbolo da Revolução Francesa de 1789.

Eleito senador e com passagens como ministro, Mélenchon fundou em 2016 o França Insubmissa (La France insoumise), movimento que sempre apoiou a libertação do ex-presidente Lula e o considerava um preso político. “Considero Lula um semelhante, um amigo, uma figura muito importante em nossa família ideológica. Sou um herdeiro de Lula, como toda a nova esquerda europeia é.”

François Hollande

 

François Gérard Georges Nicolas Hollande foi presidente da França entre 2012 a 2017. Antes, havia sido primeiro secretário do Partido Socialista, prefeito de Tulle entre 2001 e 2008 e deputado pelo 1º distrito. Na disputa presidencial, foi eleito com 52% dos votos, derrotando Nicolas Sarkozy, candidato à reeleição.

A vitória de Hollande marcou o retorno da esquerda à presidência da França, 17 anos após o fim do segundo mandato do ex-presidente socialista François Mitterrand, em 1995.

Durante seu mandato como presidente, Hollande colocou em prática uma gestão humanista e voltada aos direitos da população. Entre seus feitos, está a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, a reforma das leis trabalhistas e aprovação de programas de qualificação empregatícias.

“Almoço com o ex-presidente da França, François Hollande. Conversamos muito sobre a conjuntura no Brasil e na França e as tarefas que precisamos cumprir para retomar os governos de inclusão e com mais justiça social”, escreveu Lula nesta segunda (2) ao compartilhar as fotos do encontro entre ambos no Twitter.

Anne Hidalgo

 

A participação de Lula na segunda-feira (2) à noite, no comício de campanha de Anne Hidalgo, foi interrompida diversas vezes pelos aplausos do público francês. A reação foi a prova de que a atual prefeita de Paris estava mais do que certa ao sair em defesa do colega brasileiro durante a prisão política.

Foi de Anne Hidalgo também a iniciativa de torná-lo cidadão parisiense, um dos motivos que fizeram Lula viajar a Europa.

Descrita como “honesta, estudiosa e modesta”, Anne é adepta de um socialismo pragmático e prometeu fazer de Paris “uma cidade mais justa e solidária”. Anne Hidalgo está no cargo desde 2014 , tornando-se a primeira mulher a administrar a capital francesa na história do país.

 

Thomas Piketty

 

Para entender quem é e o que pensa o economista francês Thomas Piketty, nada melhor do que recorrer à obra que o tornou conhecido mundialmente. Em O Capital no século XXI, publicado pela primeira vez na França em 2013, o autor estuda a dinâmica da repartição dos rendimentos e da riqueza nos países desenvolvidos desde o século XVIII. Para o Autor, “a repartição das riquezas constitui um problema político fundamental para a estabilidade das sociedades democráticas modernas, e esta questão é muitas vezes discutida sem números precisos”.

Seu estudo sobre as desigualdades econômicas – e, portanto, sociais – alteraram de maneira profunda tudo o que sabíamos sobre o tema até então. “Piketty é responsábel pelo desenvolvimento de técnicas estatísticas pioneiras que tornam possível rastrear a concentração de renda e de riqueza (…) O resultado foi uma revolução em nossa compreensão sobre as tendências da desigualdade em longo prazo” define artigo publicado à época do lançamento do livro pelo jornal The New York Times.

O encontro entre o economista e Lula é providencial: um estuda a desigualdade; o outro, passou a vida inteira combatendo-a.

Sebastião Salgado

 

Sebastião Salgado dispensa apresentações. Talvez o fotógrafo brasileiro mais conhecido no mundo há pelo menos três décadas, o mineiro de Aimoré é uma entidade do retrato histórico com forte apelo social. São tantos os feitos de Salgado que fica difícil listá-los numa breve biografia.

Mas algumas passagens merecem destaque: em 1981, trabalhando como repórter fotográfico do jornal New York Times, foi o único profissional a registrar o atentado ao presidente norte-americano Ronald Reagan, o que lhe deu destaque internacional. De lá para cá, publicou livros marcantes sobre lugares inóspitos, populações esquecidas e tragédias ambientais como a do garimpo de Serra Pelada.

Sobre o encontro com o fotógrafo, ocorrido em Paris, Lula escreveu: “Com o companheiro Sebastião Salgado hoje em Paris. Tivemos uma boa conversa sobre a Amazônia, desenvolvimento sustentável, a riqueza da biodiversidade brasileira e os desafios para lutar pela sua preservação.

Nicolas Sarkozy

 

Envolvido com a política desde 1974, Nicolas Paul Stéphane Sarkozy de Nagy-Bocsa (Paris, 28 de janeiro de 1955) tornou-se também advogado a partir da década seguinte 1981. Foi presidente do RPR em 1999. Antes de se tornar o 23º presidente da França (entre 2007 e 2012) foi por diversas vezes ministros de governos como o de Jacques Chirac, de Jean-Pierre Raffarin e Dominique de Villepin.

Foi candidato a reeleição em 2012 mas perdeu nas eleições para o candidato socialista François Hollande. Em 15 de maio do mesmo ano, ele entregou o cargo ao presidente eleito.

 

Enrico Letta

 

Enrico Letta foi primeiro-ministro da Itália de 2013 até 2014. O pouco tempo no cargo foi o suficiente para que ele implantasse algumas medidas que atendiam aos anseios da esquerda de seu país – e, por tabela, de toda a população. Antes, havia ocupado por diversas legislaturas uma assento parlamentar na Câmara dos Deputados. É filiado ao Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, e é sobrinho de Gianni Letta, político de primeiro escalão do partido O Povo da Liberdade (PDL), coalizão política de centro-direita.

“Boa conversa com o companheiro Enrico Letta, ex-primeiro-ministro da Itália. Dividimos muitas preocupações em comum, em especial o crescimento do fascismo que aflige não só ao Brasil, mas ao mundo. Conversamos muito sobre a crise dos refugiados na Europa e como a vida dessas famílias é devastada pela guerra”, escreveu Lula sobre o encontro com Letta ocorrido nesta quarta (4).

Da Redação da Agência PT de Notícias

 

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