Salários de funcionários de Flávio Bolsonaro “desapareciam” da conta

Movimentação financeira do assessor do deputado carioca apresenta fortes indícios de que pelo menos uma funcionária pode ter repassado 99% do que recebeu no cargo

O cerco está se fechando para o deputado Flávio Bolsonaro e parece cada vez mais difícil arrumar novas desculpas para justificar as denúncias que se acumulam contra ele.  Desta vez, segundo reportagem publicada pelo Estadão neste sábado (15), há fortes indícios de que ao menos um funcionário do deputado carioca e filho do presidente eleito tenha repassado 99% do salário ao ex-assessor Fabrício José Carlos Queiroz – o pivô do escândalo relevado pelo Coaf.

A suspeita veio à tona após análise na movimentação financeira de Queiroz na Assembleia Legislativa do Rio. Sua filha e também servidora do gabinete do deputado Nathalia Melo de Queiroz, por exemplo,  repassou a pai R$ 97.641,20, (salário médio de R$ 7.510,86 mensais),  praticamente todo o seu salário líquido durante o período em que trabalhou na casa.

Os cálculos têm como base o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) da Operação Furna da Onça.  A renda considerada pelo órgão federal, possivelmente, incorpora valores que não constam da folha de janeiro da Alerj ou rendimentos obtidos por Nathalia de outras fontes. Todos as cifras, porém, mostram porcentuais altos de repasse.

Nathalia trabalhou na Alerj de setembro de 2007 a dezembro de 2016, quando tornou-se assessora do hoje presidente eleito, Jair Bolsonaro, na Câmara dos Deputados em Brasília. O problema é que ela não ia trabalhar e atuava como personal trainer no Rio de Janeiro.

Mais repasses suspeitos

Outra servidora que repassou a Queiroz grande parte do que recebeu foi Márcia Oliveira de Aguiar, mulher do ex-assessor. Os valores somam R$ 52.124,00 – uma média (total dividido por treze meses) de R$ 4.009,23. Em percentual, o montante equivale de 31% a 46% do que recebeu por mês no período.

Luiza Souza Paes, também servidora, fez transferências equivalentes a porcentuais que variam de 24,8% a 33,5% do salário no período. Sua renda, segundo o Coaf, era de R$ 3.479 mensais e a transferência média era de R$ 863,53. Já Jorge Luís de Souza, que tinha salário bruto de R$ 5.486,76, fez depósito mensal médio de R$ 1.573,46 – porcentuais respectivos de 7,69%, 28,67% e 32,46%.

Mais da metade dos depósitos feitos na conta de Fabrício Queiroz investigada pelo Coaf ocorria no dia do pagamento dos salários na Alerj no período investigado, ou até três dias úteis depois.

Da Redação da Agência PT de Notícias com informações do Estadão

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