Sem segurança, Lúcia arrisca sua vida no trabalho doméstico

Mesmo com os números aumentando, empregadas domésticas enfrentam ônibus lotados para ir trabalhar todos os dias.

Dona Lúcia tem 51 anos, há 20 trabalha na mesma casa, em Aracaju, capital de Sergipe. No dia da empregada doméstica, falamos com essa trabalhadora que mesmo com o medo do Corona vírus, precisa sair de casa todos os dias às 5 da manhã e enfrentar a insegurança do transporte público para sobreviver.

A data comemorativa de hoje homenageia Santa Zita, declarada “Santa das Empregadas Domésticas” pelo Papa Pio XI e que morreu em 27 de abril, depois de uma vida dedicada ao trabalho doméstico e a partilha de seus poucos trocados com os pobres e necessitados da cidade de Lucca, na Itália.

Neste dia, Dona Lúcia acordou das 4 da manhã para as 5:30 estar na casa dos patrões, trabalhando até as 15 horas. Ela cozinha para uma família que após 20 anos acredita já não saber viver sem seu tempero, tanto que mesmo com os casos e mortes por Corona vírus no país subindo todos os dias, Dona Lúcia enfrenta dois ônibus diariamente para ir trabalhar.

Durante o carnaval, após uma saída para comemorar o aniversário, os patrões infectaram Dona Lúcia com a COVID-19, que precisou ficar 8 dias em casa por recomendação médica, por sorte sem sintomas graves da doença que já matou quase 400 mil pessoas.

Nossa entrevistada não trabalha com máscara ou luva de proteção. Seus patrões não estão em quarentena e saem para trabalhar e se divertir. Mesmo sendo a primeira vítima fatal do Corona vírus uma empregada doméstica infectada pelos patrões, a insegurança ainda é rotina na vida dessas mulheres que não tem opção a não ser enfrentar o medo e ir todos os dias para combate direto com o inimigo invisível.

Pela idade, Dona Lúcia ainda não foi vacinada e nem sabe quando será. Assim como tantas outras empregadas domésticas país afora, que diferente de seus patrões (mais velhos e sendo vacinados) estão mais expostas ao vírus por não poder seguir uma quarentena em suas próprias casas e um distanciamento social seguro dentro dos meios de transporte público.

“Pra mim a gente tinha que ser vacinado primeiro. Eles tem as aposentadorias, podem ficar em casa, a gente não, tem que pegar ônibus, sair de casa, porque senão não tem dinheiro, não tem comida”, relembrou Dona Lúcia.

 

Nádia Garcia, Agência Todas.

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