Submetido, diretor da PF aprofundará ‘método’ Moro de Justiça

De acordo com a delação “espontânea” de Moro, a intenção de Bolsonaro é aprofundar o uso da Policia Federal para além dos limites ultrapassados por ele, durante a Operação Lava Jato

Divulgação/Instagram

Novo diretor da PF, Alexandre Ramagem, e Carlos Bolsonaro em festa de final de ano

Mais do que proteger os familiares e amigos do presidente da República de inquéritos, a Polícia Federal pode voltar a ser “polícia política”, papel que cumpriu em outros momentos da história do país. A opinião é do advogado Pedro Abramovay, ex-assessor especial e secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça e ex-Secretário Nacional de Justiça do Governo Federal. As nomeações do novo ministro da Justiça, André Mendonça, e do diretor da Polícia Federal, principalmente, retrocedem as relações institucionais a períodos aparentemente superados na história política do país.

Para Abramovoy, a indicação do “amigo da família” Alexandre Ramagem para a direção da Polícia Federal tem muitas simbologias, mas a que mais preocupa, segundo ele, é a negação da Constituição de 1988. Com a nova Carta, o Brasil superou um passado de utilização da polícia com o instrumento de repressão política, como ocorreu no Estado Novo e no período da ditadura militar. “Vínhamos num processo dos últimos 20 anos de consolidação da Constituição de 88, que foi uma Carta contra o autoritarismo e os desmandos do Executivo”, explica ele em matéria publicada pelo jornal El País.

De acordo com a delação “espontânea” de Moro, a intenção de Bolsonaro é aprofundar o uso da Policia Federal para além dos limites ultrapassados por ele, durante a Operação Lava Jato. De acordo como Moro, Bolsonaro quer trocar o diretor-geral da PF para ter acesso a informações e relatórios confidenciais para atender interesses familiares. Ou seja, dar continuidade, sob mais controle, ao que ele acobertou, ao longo de um ano e quatro meses, como a investigação sobre assassinato da vereadora Marielle.

Delegado de carreira da PF, Alexandre Ramagem foi chefe da segurança da campanha do candidato Jair Bolsonaro nas eleições de 2018. O delegado assumiu o posto de comando logo após o atentado sofrido por Bolsonaro em Juiz de Fora (MG). Por conta da relação com os filhos de Bolsonaro, Ramagem foi nomeado chefe da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). O novo diretor da PF assumiu a ABIN durante o embate entre Carlos Bolsonaro e o general Santos Cruz, afastado do governo.

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