TRANSformar as câmaras municipais por dentro!

As vereadoras trans do Partido dos Trabalhadores e sua luta diária para reconstruir a política.

Elas por Elas

Impactar os imaginários e reconstruir as realidades, essa é a proposta das vereadoras trans eleitas pelo Partido dos Trabalhadores nas eleições 2020. Filipa Brunelli, Isabelly Carvalho, Lins Roballo e Regininha chegaram às câmaras de Vereadores e Vereadoras de quatro cidades brasileiras demarcando espaço e reescrevendo a história política daqueles lugares.

As últimas eleições municipais tiveram recorde de mulheres trans candidatas e não só por partidos de esquerda. A representatividade política vem sendo cada vez mais cobrado e priorizada pela população, que agora elege cada vez mais mulheres negras, indígenas, trans, jovens e do campo.

Quando mulheres trans e travestis ocupam os espaços de poder e decisão elas transformam e reconstroem esses espaços da forma mais representativa e ousada que isso pode ser feito. No caminho desta revolução representativa, a vereadora de Limeira – SP, Isabelly Carvalho acredita que uma das maiores vitórias que teve com a sua eleição 

foi a possibilidade de impactar o imaginário social que a população tem referente às pessoas trans, sobretudo as mulheres travestis”

As Câmaras de Vereadores, e cada vez mais de Vereadoras, são o espaço parlamentar mais próximo da realidade e do dia a dia da população, por isso é de lá que devem surgir os primeiros passos para renovação do entendimento social sobre os corpos trans e travestis e suas realidades.

Para Regininha, vereadora eleita pelo PT da cidade de Rio Grande-RS, uma Câmara de Vereadores e Vereadoras com uma parlamentar trans “é um espaço destruidor, que desconstrói a violência que sentimos e vivenciamos na pele.”. E reitera que não existe ninguém com maior propriedade para destruir essas violências do que parlamentares trans, “temos esse lugar de fala”.

Mas, é preciso que entendamos que nenhuma mudança se faz sozinha, é necessário uma rede de apoio e de construção. Na cidade de São Borja, no Rio Grande do Sul, a vereadora eleita Lins Roballo conseguiu criar essa rede para sua eleição em 2020 a partir da percepção de que

“Só o movimento LGBT não elege candidaturas LGBTs, a gente precisa contar com o apoio e a aderência de outras pessoas, de outros recortes sociais, dentro das nossas pautas e das nossas demandas”.

Anne Moura, Secretária Nacional de Mulheres do PT, vê as vitórias das parlamentares trans do PT como o início da transformação das Câmaras de Vereadores e Vereadoras pelo país.

Cada mulher trans, negra, indígena, jovem, do campo, da mata e das águas que se elege leva contigo a história do seu povo e a luta que suas ancestrais fizeram para que elas chegassem até aquele espaço. Isso é representativo, mas também inspirador!”.

Araraquara, no interior de São Paulo, elegeu sua primeira mulher trans em 2020. Filipa Brunelli foi eleita para representar o povo e o Partido dos Trabalhadores e espera que sua eleição seja um incentivo para outras mulheres trans e travestis da cidade.

“Espero ser referência para outras mulheres trans, e que elas me usem de instrumento de transformação e de ocupação. Sou a primeira mulher trans neste espaço, mas minha luta é para não ser a única, nem a última!”, afirma Filipa.

A vitória destas mulheres trans e de tantas outras mulheres nas eleições do ano passado é reflexo direto da luta das mulheres e movimentos feministas desde a primavera feminista de 2015. Muito tem sido feito no que tange a formação, ao empoderamento e ao incentivo para que cada dia mais mulheres ocupem os espaços de deliberação política.

O maior projeto de formação de mulheres na área política do país é o Projeto Elas Por Elas, da Secretaria Nacional de Mulheres do PT e ele tem conseguido cada vez mais demarcar espaço dentro do Partido dos Trabalhadores e da política brasileira.

“Toda força que se soma, todas as mulheres cis que lutam e abrem um espaço para ouvirem as vozes das mulheres trans somam muito. Essa junção é necessária e conseguir inserir as identidades trans dentro de um projeto como o Elas Por Elas é um espaço empoderador, é reconhecimento total dessas identidades. Só assim você consegue agregar e dialogar de uma forma humana, com sensibilidade e empoderamento com todas as mulheres da sociedade.” realça Regininha, vereadora de Rio Grande. 

Nádia Garcia, Agência Todas

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