Visibilidade Lésbica | Pandemia impactou renda, saúde mental e rede de apoio

Pesquisa revela que 40% das lésbicas possuem renda menor ou igual a um salário mínimo. Em relação à saúde sexual, a pandemia acentuou as vulnerabilidades de acesso que já existiam

A pandemia da Covid-19 espalhou-se pelo mundo inteiro, no entanto não afetou a todas e todos da mesma forma. Desigualdade social, de gênero, de raça entre outros recortes têm sido determinantes não apenas para o acesso ao atendimento de saúde, mas também da forma como os impactos são sentidos pelas grupos vulneráveis. No caso da população LGBTQIA+, um estudo do Coletivo #VoteLGBT revelou que os três maiores impactos causados pela pandemia foram, piora na saúde mental, afastamento da rede de apoio e falta de fonte de renda.

A pesquisa constatou que dos 9.521 entrevistados, 21,6% se encontram desempregados. Em relação às mulheres lésbicas 40% das entrevistadas declararam que possui uma renda menor ou igual a 01 salário mínimo, é sabido que grande parte destas mulheres não dispõe de trabalho formal e com a pandemia a perda de renda foi imediata, trazendo impactos na sua capacidade de sobrevivência e bem-estar. Outro determinante de saúde analisado foi à saúde mental, 42,72% dos entrevistados relataram o aumento de problemas ligados à saúde mental e 54% afirmaram precisar de apoio psicológico, além de relatar a dificuldade em acessar serviços de saúde especializados na área.

Esse dado foi divulgado no artigo “Impactos da pandemia da Covid-19 na saúde das mulheres lésbicas“, publicado na Revista Brasileira de Estudos da Homocultura (RBEH). As pesquisadoras também chamam atenção para situação de vulnerabilidade e a condição de marginalização imposta pela sociedade heteronormativa.

Crise econômica empurra para dentro do armário

Performar “feminilidade” ainda é um recurso muito utilizado por mulheres lésbicas para garantir uma vaga no mercado de trabalho. Em uma situação de crise econômica, que empurra principalmente as mulheres para uma situação de maior vulnerabilidade, as lésbicas são as primeiras a serem impelidas a “esconder” a própria orientação sexual em nome da própria sobrevivência.

Apesar das campanhas por diversidade, o mercado ainda segue a cartilha da heteronormatividade, principalmente nos setores de gestão de recursos humanos. Segundo o estudo ” Lésbicas e relação de trabalho: análise da inserção no mercado profissional”, os atos performativos ditos “femininos” constituem-se necessários no momento da contratação e durante sua permanência na empresa. O regime de visibilidade é uma condição patente para o convívio com seus pares, seja em sociedade ou no ambiente de trabalho.

“Por isso é importante garantirmos a centralidade das mulheres na reconstrução do Brasil. E mulheres em todas as suas realidades. Por geração de empregos, respeito à diversidade e combate à violência de todas as formas. Não é possível superar essa crise sem a participação efetiva das mulheres no processo de condução”, sintetiza Anne Moura.

Da Redação, Elas Por Elas

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