WhatsApp admite uso em massa de fake news nas Eleições 2018

Gerente do aplicativo diz que empresas violaram termos de uso ao financiarem disparos em massa; indústria das notícias falsas favoreceu Bolsonaro durante pleito

Reprodução YouTube

Exato um ano após o início das conturbadas Eleições de 2018,  o WhatsApp admitiu publicamente que o aplicativo foi usado de maneira criminosa por empresas contratadas para o disparo em massa das chamadas fake news – cujo maior beneficiário foi Jair Bolsonaro.

Segundo reportagem publicada nesta terça (7) na Folha de S. Paulo, a confirmação do uso ilegal foi dada por Ben Supple, gerente de políticas públicas e eleições globais do WhatsApp durante palestra. “Na eleição brasileira do ano passado houve a atuação de empresas fornecedoras de envios maciços de mensagens, que violaram nossos termos de uso para atingir um grande número de pessoas”, afirmou.

Além de ratificar as evidências de que o pleito presidencial foi influenciado diretamente pela indústria de notícias falsas, a declaração de Supple deve gerar nova onda de reações contra os responsáveis pela fraude – nunca é demais lembrar que empresários apoiadores de Jair Bolsonaro contrataram empresas de marketing para fazer envios em massa de mensagens, usando CPFs de idosos e contratos com agências estrangeiras.

Além de enganar o eleitorado, a prática também esconde os verdadeiros custos da campanha presidencial do radical, o que poderia acarretar em denúncias de caixa 2.

Principal vítima das fakes news durante as eleições, o então candidato petista à Presidência Fernando Haddad espera que o caso seja levado à CPMI das Fake News e “esclareça definitivamente os fatos e puna os responsáveis”.

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito foi instaurada no início de setembro e envolve 15 senadores, 15 deputados, além de 30 suplentes. O problema é que, com o intuito de blindar Jair Bolsonaro, membros do PSL têm obstruído os trabalhos casa.

A Comissão nasceu para ser importante instrumento de investigação sobre a criação e divulgação de perfis e notícias falsas, ataques virtuais contra a democracia, além de outros crimes contra a ordem pública. A expectativa é que a CPMI se arraste pelos próximos seis meses.

Paralelo à comissão, o Partido dos Trabalhadores nunca deixou de atuar contra a produção de notícias falsas, sobretudo porque ele próprio continua a ser principal vítima das mentiras disseminadas pelos apoiadores do descontrolado presidente.

Bolsonaro e as fake news: um caso de amor

Com a maior parte de seu eleitorado em debandada após se darem conta do estrago pelo qual está sendo submetido o país, ainda é muito frequente se deparar com notícias que associem o PT ou qualquer um que ameace o poder de Bolsonaro às mais absurdas mentira.

O TSE proíbe o uso de ferramentas de automatização, como os softwares de disparo em massa. Além disso, conforme mostrou a Folha, empresários contrataram disparos a favor e contra candidatos, sem declarar esses gastos à Justiça Eleitoral, o que configura o crime de caixa dois.

Pesquisa já havia revelado a verdade

A Transparência Internacional no Brasil divulgou pesquisa em que 82% dos entrevistados afirmam que  as eleições de 2018 foram influenciadas pelas fake news. Os números constam no Barômetro Global da CorrupçãoAmérica Latina e Caribe, divulgado no dia 19 de setembro no mundo todo. No Brasil, a pesquisa foi realizada nos primeiros meses do governo do presidente Jair Bolsonaro.

Da Redação da Agência PT de Notícias com informações da Folha de S. Paulo

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