Zé Neto defende retomada do BNDES no financiamento à indústria nacional

Segundo parlamentar, desgoverno Jair Bolsonaro comete um equívoco ao direcionar o banco apenas ao fomento de projetos de infraestrutura

Gabriel Paiva

Zé Neto

O vice-líder do PT na Câmara, deputado Zé Neto (BA), defendeu hoje (11) a retomada do papel do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) como financiador de políticas de apoio a empresas nacionais, de modo a estimular o crescimento econômico no País, com geração de empregos e renda.

Segundo ele, o governo Jair Bolsonaro comete um equívoco ao direcionar o banco apenas ao fomento de projetos de infraestrutura, indo na contramão de bancos semelhantes espalhados pelo mundo, que se voltam para o aumento da produtividade, inovação e internacionalização de empresas.

A recomendação do parlamentar foi expressada em indicação ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para que seja encaminhada automaticamente ao governo federal. O documento do deputado baiano baseia-se em conclusões de seminário sugerido por ele, ocorrido mês passado, na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços (CDEICS), sobre Desenvolvimento das Cadeias Produtivas.

Política industrial

 

Zé Neto criticou o governo Bolsonaro por considerar que política industrial seja um conceito ultrapassado e insistir na tese de política de produtividade. “Políticas bem desenhadas são essenciais para a inserção das cadeias produtivas”, pontuou o deputado, lembrando que o tema política industrial está cada dia mais presente nos estudos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Conferência Nacional das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês).

O parlamentar baiano acentuou que países ricos e em desenvolvimento praticam políticas de desenvolvimento industrial e defendeu também a retomada dos investimentos e de créditos públicos na economia. O investimento público como proporção do PIB (Produto Interno Bruto – a soma das riquezas produzidas no País) no Brasil tem mostrado acelerada redução nos últimos anos, distanciando-se cada vez mais das médias dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE). Em 2017, na OCDE a média foi de 3,63%, ao passo que no Brasil foi 2,19 %, explicou Zé Neto.

Estagnação

 

“O nível de desemprego está associado a aumento da informalidade e estagnação do rendimento médio real habitual na economia”, assinalou, lembrando que em particular a indústria brasileira requer atenção. O setor, segundo ele, reduziu sua participação no PIB de 27% em 1985 para cerca de 11% em 2019. “A desindustrialização brasileira compromete o resultado agregado da economia”, alertou Zé Neto.  Ele lembrou que uma questão central para o Brasil é o “imperativo de aumentar a produtividade e a agregação de valor”.

Em sua indicação ao governo federal, o parlamentar abordou também temas como a precarização dos direitos trabalhistas e seus reflexos na economia como um todo, a necessidade de o Brasil integrar-se às cadeias globais produtivas de maneira ativa e não passiva, e ainda advertiu que a abertura econômica do país deve ser sob determinadas condições, levando-se em conta os interesses da economia nacional.

Por PT na Câmara

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